21 de dezembro de 2024
ARTIGO

Agricultores e o alimento nosso de cada dia

Por Nancy Thame |
| Tempo de leitura: 3 min

É secretária municipal de Agricultura e Abastecimento de Piracicaba

O Dia do Agricultor é celebrado no dia 28 de julho, data criada em 1966, em razão do centenário da fundação do Ministério da Agricultura. Uma homenagem justa e que leva à reflexão sobre uma das profissões mais antigas da humanidade.

A prática da agricultura surgiu há cerca de 12 mil anos, sendo um dos processos constitutivos das primeiras civilizações. A princípio, a agricultura ocupava uma função complementar na alimentação, sendo colocada como outra via de sobrevivência paralela à caça e a busca de frutos ou plantas.

Pesquisadores acreditam que as mulheres eram, em geral, as responsáveis pela coleta de frutos e raízes, o que as levou a perceber o poder de germinação das sementes. A observação dos ciclos da natureza e do crescimento das plantas propiciou, de forma gradual, o desenvolvimento da agricultura.

A prática agrícola, domesticação de animais, a sedentarização e o aperfeiçoamento das ferramentas, foram os meios que nossos ancestrais encontraram para facilitar a obtenção do alimento. No entanto, o cultivo da terra ocorreu de forma independente nas diversas regiões do mundo, onde povos caçadores-coletores aprenderam a cultivar o solo e a agricultura se expandiu.

As novas técnicas passaram a permitir que se produzisse mais alimentos do que era necessário para o consumo interno das cidades, fazendo com que surgissem excedentes, o que possibilitou a origem da prática do comércio.

Ao longo do tempo, a agricultura passou por mais avanços e várias revoluções agrícolas sucederam-se. Primeiro a Revolução Industrial, permitindo uma maior mecanização do campo. Essa transformação materializou-se principalmente a partir do fornecimento de insumos da indústria para a agricultura.

No século XX, após a Segunda Guerra Mundial, a evolução da agricultura passou pelo o que ficou conhecido como Revolução Verde, com melhorias genéticas nas plantas e evolução dos aparatos de produção agrícola para ampliar, sobretudo, a produção de alimentos.

Apesar dos avanços tecnológicos e do aumento, em larga escala, da produção de grãos e cereais, a Revolução Verde foi bastante criticada pelos impactos ambientais e embora tenha diminuído sensivelmente a necessidade por alimentos em várias regiões, a fome não foi erradicada, uma vez que a sua existência não se deve somente à falta de alimentos.

Na verdade, é visível que temos o desafio de nos apropriarmos dos imensos progressos da ciência e da tecnologia, principalmente dos últimos 50 anos e, ao mesmo tempo, incorporar as questões sociais, políticas, ambientais, culturais e éticas no que tange à consciência planetária.

É importante que cada município pense globalmente, porém que tenha os espaços locais para acolhimento de políticas públicas para a segurança alimentar e nutricional e fortalecimento de programas que promovam circuitos mais curtos dos alimentos, com geração de renda local e a oferta de alimentos mais saudáveis, a preços mais justos.

Na Sema – Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento – temos um enorme desafio de cuidar do nosso privilegiado território rural – 82,5% da área total do município –, e para isso estamos focados no fortalecimento da produção local, por meio da criação de programas que beneficiam e fomentam o trabalho da agricultura familiar e agroecológica.

Mas este trabalho não é feito isoladamente, e sim em diálogo com os agricultores e produtores de alimentos de Piracicaba, que fazem este trabalho com dedicação. São eles e elas, esta gente ligada à terra, que pode dispor de saberes que ao mesmo tempo são tão ancestrais e tão atuais. Quem trabalha no campo, trabalha para todos.

Um feliz dia do agricultor e da agricultora para todos os que fazem da agricultura sua paixão e sua vida!

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