25 de dezembro de 2024
ARTIGO

Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos!

Por Júnior Ometto |
| Tempo de leitura: 3 min

Conta a lenda que, certo dia, um fazendeiro recebeu a informação de que um de seus melhores cavalos havia caído num poço de sua propriedade. Todos na fazenda estavam muito tristes, pois, apesar de muitas tentativas, não conseguiam tirar o cavalo do poço. O fazendeiro foi até lá e constatou que, mesmo o animal estando sem ferimentos, realmente nada mais poderia ser feito e também decidiu que não iria mais tentar salvá-lo, pois isso seria muito demorado e caro. Pediu, então, que jogassem terra sobre o cavalo para enterrá-lo e, preocupado com seus negócios, saiu do local. Seus funcionários começaram a cumprir a ordem, entretanto, a cada quantidade de terra que jogavam, o cavalo espertamente se mexia e a terra ia ficando no fundo do poço. Com a admiração dos homens que jogavam a terra, o animal ia “subindo”. Depois de um certo tempo, ele já estava quase fora do poço e finalmente saiu, relinchando, feliz...

A frase-título do artigo dessa semana é da autora francesa Anaïs Nin e nos convida a uma reflexão profunda sobre nós mesmos. Muitas vezes passamos por situações extremamente desgastantes em nossa vida e em muitas delas amargamos uma grande dificuldade em entendê-las ou mesmo vencê-las, sem, pelo menos, nos machucarmos. Quantas vezes nos sentimos lá no fundo do poço... Quantas vezes pessoas e situações “jogam terra” em nossas vidas. Entretanto, não se espante: muitas vezes somos nós mesmos que jogamos, sem uma visão mais positiva ou abrangente de solução.

O ser humano está cada vez mais escravo de suas emoções, aliás, das armadilhas emocionais. Não lidamos bem com frustrações, com erros, com situações imprevistas. Você já reparou, por exemplo, que preocupar-se com algo que não aconteceu não irá ter poder sobre o futuro? Já reparou que a maioria absoluta das coisas que “achamos” que vai acontecer de negativo, não acontece? Se não, faça uma retrospectiva...

Vamos a mais exemplos. Normalmente, quando alguém não se dá bem com alguém, certamente existe algo na outra que falta nela e o psíquico se encarrega de “se queixar” dessa falta com várias atitudes não muito bacanas... Quanto “lixo” recebemos em nosso dia a dia vindo de pessoas que não estão bem com elas mesmas, estão sofrendo distúrbios emocionais ou fraqueza no gerenciamento das emoções. É preciso ter muito domínio próprio - gerado pelo autoconhecimento – para ficarmos “acima” desses obstáculos que a vida nos oferece e sempre vai oferecer. Nada impossível, apenas é necessário ter vontade de buscar ajuda para o tratamento e disposição - aliada à perseverança - para a continuidade.

Querer controlar o incontrolável é inútil, rouba qualidade de vida e adoece. O que você pode e deve controlar é você mesmo e as coisas que estão no seu controle. Ofensas que você recebe ou “lixos” vindos de pessoas que te elegem para “alvo” são exemplos de coisas que fazem parte do setor chamado incontrolável.  Ter a ponderação e o equilíbrio de não se desesperar com acontecimentos (dos mais variados tipos) que te frustram, te decepcionam ou jogam terra sobre você é saber a diferença entre o controlável e o incontrolável. É navegar com o controle da viagem e do destino. É saber o que está ao seu alcance e... fazer! É saber o que não está mais ao seu alcance e... não fazer! Sem culpa! Compreender isso traz força, serenidade, equilíbrio e maturidade emocional, o que nos torna superiores às adversidades.

Procure prestar mais atenção nos seus pensamentos e atitudes a partir de agora. Reflita sobre os padrões mentais que criou até aqui. Critique-se. Ressignificar e expandir é entender que a vida não é só sobre aprender, mas é também sobre desaprender, olhar além, ir além...

--------------

Os artigos publicados no Jornal de Piracicaba não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. Os textos são de responsabilidade de seus respectivos autores.