21 de novembro de 2024
ARTIGO

'Nascemos originais e morremos cópias'

Por Júnior Ometto |
| Tempo de leitura: 3 min

Esta frase de Carl Jung resume a principal causa da infelicidade humana. O círculo vicioso da alienação está se alastrando como vírus, fragilizando o ser humano e distanciando-o dele mesmo, cada vez mais. Como é triste ver tanta gente deixando de lado o que realmente importa, o que alimenta a alma, para alimentar desejos e ordens de uma sociedade cada vez mais doente e vazia. Essa não é a essência. Entretanto, a cópia é implacável quando essas mesmas pessoas, ao chegarem no final de suas vidas, percebem que tomaram o rumo errado, mas, angustiadamente, percebem (também) que não há mais tempo de mudar o caminho.

Os seres humanos não estão sendo educados para aceitar que podem falhar, para refletir ou para fazer suas próprias escolhas. Além disso, há um excesso de informação e de cobrança. Somos humanos, erros e problemas acontecem e precisamos aprender com eles, assimilá-los e viver cada fase deles, sendo nós mesmos, sempre. Paradoxalmente, as pessoas estão cada vez mais escravas do “o que você acha” e menos interessadas no “o que eu acho”.

Vemos grande parte da humanidade direcionando o foco no corpo, na beleza física, no material, como se quiséssemos resolver os problemas de uma árvore corrigindo ou cuidando apenas de suas folhas. Todo excesso esconde uma falta, um conflito e, enquanto isso não for entendido e resolvido da maneira correta, os excessos vão destruindo a vida de muita gente.

Assim como nosso corpo físico tem seus órgãos, nossa mente também tem: são as emoções, órgãos do nosso corpo psíquico. Portanto, sentimentos ou pensamentos negativos, palavras sufocadas, situações mal resolvidas, frustrações, mágoas, traumas, não geram apenas desconforto ou então stress. O assunto é mais sério. A cada situação não resolvida em nossa mente, uma bola de neve com poder devastador, começa a ser gerada e com o passar do tempo vai encontrando algum endereço no corpo para iniciar seu ataque, culminando no que damos o nome de “doenças psicossomáticas”, de ordem mental ou física. Não se engane, o estado de nossa saúde está profundamente e diretamente ligado ao nosso estado mental.

Então, fica fácil entender que manter uma vida saudável fisicamente (atividade física, alimentação, sono, regras, cuidados, etc.) é muito importante, mas se você cuidar de tudo isso, mas não cuidar da mente, certamente vai adoecer e o processo é simples: o corpo avisa quando sentimos dor, cansaço ou temos alguma doença e é dessa forma que nossa mente nos comunica que algo está errado com o gerenciamento de nossas emoções.

Raiva, alegria, medo, paixão, tristeza e uma série de emoções mal elaboradas ou trabalhadas no passado ou no presente, causam alterações em todo o organismo, como por exemplo liberando ou inibindo a produção de substâncias, como adrenalina, cortisol e serotonina. Estas experiências ficam guardadas dentro de nós e se refletem no nosso corpo.

Aos poucos, as pessoas estão buscando mais informação a respeito do gerenciamento das emoções e procurando ajuda na terapia, fazendo uma limpeza no “lixo” interior, buscando um encontro consigo mesmas e ressignificando pontos que as estão impedindo de ter ou realizar sonhos, serem felizes e protagonistas de suas vidas.

O corpo é apenas uma consequência da forma como pensamos. Pensamentos geram sentimentos, que geram comportamentos. Precisamos aprender a nos conhecer melhor, aliás, a qualidade da conexão que temos conosco revela a qualidade da conexão que temos com o mundo.

Nascemos originais e morremos cópias. Que tal você ser mais um “desobediente” desse pensamento de Jung?

“A felicidade não é uma dependência, é uma decisão”. (Osho)

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