25 de dezembro de 2024
ARTIGO

Um perigoso vírus chamado “comparação”

Por Júnior Ometto |
| Tempo de leitura: 3 min

É bem comum ao ser humano se comparar. Isso vem desde a infância. Entretanto, essa é uma das formas mais “produtivas” que temos para nos prejudicar; para sermos infelizes, injustamente.

Basta acompanhar as postagens das redes sociais por alguns momentos e muitos já chegam à conclusão de que o planeta todo é feliz, menos eles... Esse fracasso, esse sentimento de não atender expectativas e ser menos do que os outros ou do que gostaria de ser, faz parte de um fenômeno que está, infelizmente, tornando as pessoas cada vez mais infelizes e alimentando as estatísticas de vários transtornos mentais como a depressão, a ansiedade e suas consequências.

Quando nos comparamos com alguém, estamos estabelecendo uma relação entre o que sabemos de nós com o que vemos no outro. Pois bem, só aí nessa frase já se escondem algumas armadilhas... Você realmente sabe de você e do seu potencial? O que você vê sobre o outro é real mesmo? Você está vendo o palco? E os bastidores?

Freud, em seus estudos sobre este tema, disse: “Nunca se compare com ninguém. Compare-se com você, ontem”. Quanta sabedoria nisso!

A busca da nossa essência é a única responsável pela nossa cura e pela nossa felicidade e cada um deve buscar a sua.

“Andamos para trás” com nossa vida quando preferimos valorizar o que outras pessoas são ou tem, e não o que somos e temos e, na era da internet e das redes sociais, isso se agrava consideravelmente.

Por outro lado, se a comparação estiver indexada a bens ou prazeres materiais, ela nunca será alcançada, por um simples motivo: sempre haverá um “novo lançamento”, fazendo da pessoa uma escrava de conquistas infinitas, num círculo vicioso de angústia. Se a comparação estiver indexada à situação dos outros, você poderá estar navegando, também, num campo ilusório e destruidor, por um simples motivo: a “grama” do vizinho pode não ser tão verde quanto parece...

Vivemos nos comparando e isso, quando neurose, nos frustra, nos machuca, causa inveja, doenças. Cada um tem sua história, viveu experiências diferentes, teve oportunidades diferentes, tem uma construção psíquica individual e nos comparar é, na verdade, uma injustiça que praticamos contra nós mesmos.

Enquanto ficamos nos comparando estamos perdendo tempo em nos qualificar, nos desenvolver, realizar. Enquanto ficamos nos comparando, minamos nossa motivação em melhorar, porque perdemos energia e brilho nos comparamos negativamente com alguém que está a nossa frente em algo. O que acontece com o outro não está no nosso controle. O que pensamos, como agimos e o que podemos fazer está no nosso controle e é exatamente aí o lugar do nosso foco.

Para evoluir é preciso refletir, criticar, adotar novas formas de visão, transformar problemas e lutas em positividade, olhar com outros olhos e sob novas perspectivas e, se tiver dificuldade, buscar ajuda para tal. Quanto mais nosso autoconhecimento aumenta, mais aumenta nossa visão, mais autodomínio temos e mais qualidade de vida atingimos.

Costumo sempre dizer que no mundo todos nós estamos em estágios diferentes. Sempre alguém estará a nossa frente em um ou mais quesitos; assim como sempre alguém estará atrás de nós em um ou mais quesitos. A quem está abaixo, tenha compreensão e ajude. A quem está acima, inspire-se! (não inveje!)

Na verdade, não importa quem está à sua frente ou o quanto esteja. O que importa mesmo é o quanto você está à frente de você mesmo em relação a ontem, como nos mostrou Freud.

Somos únicos! Cada um de nós tem pontos fortes e pontos a desenvolver. Cada um de nós é especial, cada um de sua maneira. Você está melhorando? Então é isso que importa!

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