22 de dezembro de 2024
ARTIGO

20 de março, Dia Mundial da Agricultura

Por Nancy Thame |
| Tempo de leitura: 3 min

A agricultura é uma prática milenar e, sem dúvida, foi decisiva para o desenvolvimento da humanidade. A primeira associação que fazemos com o tema é com o alimento, fundamental para a nossa existência. Porém, a atividade vai muito além disso e nesta data temos um bom momento para reflexões.

Além de ser constituída como um conjunto de técnicas de cultivo e plantio, a agricultura é uma importante geradora de medicamentos, produtos estéticos, energia, equipamentos para construção, matérias primas para confecção de vestuário, plantas ornamentais, entre outros.

Atualmente a população mundial é de cerca de 7,2 bilhões de pessoas e a fome está presente para parte significativa dela, devido a fatores como a desigualdade social, a pobreza, os conflitos e guerras, as crises econômicas, a má distribuição de alimentos e o manejo inadequado dos recursos naturais. Estima-se que até 2050 a população mundial chegue a 9 bilhões e é evidente o desafio de garantir o acesso da população a alimentos básicos e seguros e em quantidade que seja capaz de atender as necessidades fundamentais de uma alimentação digna e saudável.

Para atender essa demanda, ao longo do tempo, novas tecnologias de informação, sistemas de transporte de longa distância e marcos reguladores de mercados nacionais e internacionais transformam o caminho para corporações transnacionais, que ganham um poder sem precedentes sobre a organização dos mercados agroalimentares. Paralelo a isso, cresce também uma resistência a esse processo dominante e surgem movimentos relacionados ao incentivo da economia local, associados à reconexão com nossa base sociocultural. São processos para reconstruir e diversificar novos circuitos de comercialização. São interações estabelecidas diretamente entre produtores,

distribuidores e consumidores e suas organizações locais.

Modelos de produção são repensados. Por um lado, temos o crescimento elevado

das commodities, geradoras de saldo positivo para balança comercial de diversos países.

No caso do Brasil não é diferente e a agricultura é responsável por boa parte do PIB (Produto Interno Bruto). Por outro lado, temos o aumento dos preçosdos alimentos básicos, que afeta a segurança alimentar e nutricional dos brasileiros. Só

no Brasil, os últimos levantamentos apontam que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer.

Assim, é fundamental o fomento à agricultura local, propiciando circuitos mais curtos, onde a produção que resulta da agricultura familiar se destina basicamente para as populações urbanas locais, resultando na disponibilidade dos alimentos, o fácil acesso das pessoas aos mesmos, a preços mais justos e com melhor qualidade. Realmente não faz sentido termos municípios com extensas áreas com potencial de produção, importando o alimento do dia-a-dia de outros locais, com tantas pessoas ali na borda dacidade, muitas vezes excluídas.

Há ainda o desafio de aplicar práticas mais sustentáveis à agricultura. Em um município como Piracicaba, com um privilegiado território rural – 82,5% da área total–, temos um cenário muito positivo para o fortalecimento da produção local, sobretudo, por meio do desenvolvimento da agricultura sustentável.

Logo, o poder público exerce um importante papel neste contexto. Na Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Sema), organizamos quinze programas que, em rede, se somam no fomento ao desenvolvimento rural sustentável de Piracicaba. Dessa forma, objetivamos o fortalecimento de parcerias com foco no atendimento do município e a valorização dos produtores e alimentos produzidos localmente, o que favorecerá a segurança alimentar e nutricional e trará mais economia à população.

--------------

Os artigos publicados no Jornal de Piracicaba não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.  Os textos são de responsabilidade de seus respectivos autores.