Precisamos de chuvas. É certo. Sofremos sempre com a intensidade das altas temperaturas que recaem sobre Piracicaba e sempre estamos de alguma forma a reclamar: quanta chuva, quanto calor, cidade das quatros estações num mesmo dia!
O fato é que somos parte de um mundo em que os efeitos climáticos também nos atingem. Mas junto a este fato que, ainda parece muito difícil de ser revertido, temos um outro problema: Piracicaba é regionalmente, senão até nacionalmente, conhecida por sua imensa quantidade de buracos, um asfalto que castiga dos cidadãos e turistas que por aqui chegam, trazendo prejuízos e riscos.
Quem já não se deparou com os memes na internet comparando nossas ruas a queijos suíços ou a campos de guerra? Quem já não entrou chegou por quaisquer das entradas da cidade e ao sentir as ondulações, disse: chegamos em Piracicaba. Não, isso não nos orgulha, não nos soa engraçado!
Na zona rural, a imensa quantidade de água acumulada pelas chuvas expos também uma realidade que é um desafio para a administração municipal, como garantir que, nestas épocas em que as chuvas em maior ou menor densidade estão previstas, as estradas consigam garantir o escoamento da produção agrícola? Principalmente do pequeno agricultor e o agricultor familiar?
Se puxarmos nossa memória, recordaremos compromissos assumidos com a população quanto a soluções (mágicas?) para, pelo menos minimizar, os problemas. Elas não chegam. E não chegam porque seria necessário conhecer a fundo nosso solo, com estudos, e encarar o problema, mesmo que com altos custos, de maneira mais profunda.
Vimos nos últimos meses ruas e avenidas da cidade sendo interditadas, sem prévio aviso, recebendo manutenção. Infelizmente, a intensidade das chuvas já revela pontos em que será preciso rever o serviço e acreditamos que isso será feito. Mas sinaliza que estamos ainda diante de uma situação complexa e sem solução a médio prazo. Médio, não curto!
É preciso reconhecer os esforços, mas também evidenciar algumas atrapalhadas relacionadas a licitações, economia de recursos para o biênio que se inicia e a visão administrativa. Diferente da grande maioria das cidades brasileiras, Piracicaba não é apenas mais uma a acumular reclamações no mês de janeiro quanto a buracos e mato. O mato, sabemos, a chuva faz crescer mais rápido e a terra úmida atrapalha o serviço. Os buracos, são problemas históricos.
Mas os buracos precisam ser vistos com prioridade, planejamento, tecnologia, recursos, humanidade e responsabilidade pública. Vamos salvar vidas, vamos economizar recursos dos nossos cidadãos de forma direta e indireta, através da redução e investimentos em longo prazo se encontrarmos soluções mais eficazes e não paliativas.
Metade de janeiro já ficou para trás. E ele voltará mais rápido do que esperamos. Que em 2024, os recursos das multas sejam aplicados no seu fim, que é melhorar o trânsito e a mobilidade da cidade, mas ter sua missão mais nobre, que é o de preservar vidas e o patrimônio dos nossos cidadãos.
Tecnologia, parcerias, compartilhamento de soluções e apoio da Câmara podem ser essenciais para construirmos juntos as saídas. E que esse difícil janeiro seja apenas uma lembrança de um tempo em que nós, piracicabanos, precisávamos escolher em que buraco cair.