Além da sua pujança econômica, Piracicaba é conhecida no Brasil todo também por conta do seu rio e de seus lugares históricos. Um perfil no Instagram, administrado por um professor de história e filosofia, conta diversas curiosidades sobre a cidade, trazendo um olhar etnográfico sobre Piracicaba.
Um dos temas abordados na rede social foi a “Misteriosa Cascatinha do Pisca, imitação do paraíso”, como intitulada pelo autor do perfil, Douglas Rodrigues de Morais. “A Cascatinha do Pisca é um dos encantos de Piracicaba (...). A bela cachoeira do Ribeirão Piracicamirim se esparrama no interior da Esalq...”, escreveu ele.
A Cascatinha da Escola Agrícola, porém, está fechada para visitação pública há anos. O JP foi atrás de especialistas para entender o que aconteceu. “A cascatinha é um dos locais mais lindos de Piracicaba. Mas está fechado por questões ambientais e de segurança”, contou o jornalista, escritor e colunista do JP, Cecílio Elias Netto. O seu jornal ‘A Província’ já dedicou muitas histórias dessa cachoeirinha famosa. “Era um local muito visitado, inclusive, casais iam namorar por lá. Formava um lago lindo na cachoeira, tudo muito exótico”, disse.
Este trecho de ‘A Província’ explica bem como era esse ponto turístico de Piracicaba: “A cascatinha era um lugar misterioso, hoje de acesso impedido ao público, justificado como medida para evitar acidentes e tragédias, dado o número de crianças desaparecidas no local. No entanto, foi como que um espaço mágico onde crianças e adolescentes iam nadar, fazer travessuras, além de servir de cenário para amores jovens e também de adultos, especialmente os clandestinos. O lugar era paradisíaco e, ainda que justificável, a proibição de acesso é uma perda para a população, impedida de presenciar uma das belezas de nossa exuberante natureza piracicabana”.
MEIO AMBIENTE
O JP também falou com professores da Esalq sobre o fechamento do acesso à Cascatinha do Pisca. Vários motivos foram apontados: o local é considerado uma APP (Área de Preservação Ambiental); há incidências de carrapatos nocivos à saúde humana e também a baixa qualidade da água do Piracicamirim para banhos.
O engenheiro agrônomo, entomólogo e integrante da Comissão Permanente da Febre Maculosa da Esalq, Carlos Alberto Perez, forneceu várias informações sobre o local. “Eu sou formado na Esalq na turma de 1980 e já naquela época, não era um lugar de destaque, apesar de sua beleza”, disse. E apontou sete argumentos para o fechamento do acesso público à cachoeirinha: 1) a área é de muito difícil acesso; 2) depois de um óbito por febre maculosa em 2003 no campus, os alambrados beirando a mata ciliar foram reformados para impedir o trânsito de capivaras, hospedeiras do carrapato-estrela, vetor dessa doença; 3) a comissão da febre maculosa orienta à população para não transpor os alambrados para acessar a mata ciliar; 4) a Esalq não faz controle de carrapato-estrela na mata ciliar, portanto, são áreas bastante infestadas por carrapato-estrela, como no resto da bacia hidrográfica do PCJ; 5) quando alguém do campus acessa áreas infestadas, são usados EPI’s, tratados para diminuir o risco de parasitismo e transmissão da doença; 6) todo ano, alunos ingressantes e empresas terceirizadas recebem um treinamento como medida preventiva contra os carrapatos vetores e, por fim; 7) aos fins de semana, no mês de julho de todo ano, a Esalq faz uma campanha de prevenção contra a febre maculosa e orienta aos visitantes a não visitarem beiras de rio e lagoas da região para evitar picadas por carrapato-estrela.