21 de dezembro de 2025

“Ideias, ameaças e tentativas de suicídio não devem ser banalizadas”, diz psiquiatra

Por Laís Seguin |
| Tempo de leitura: 2 min

Em mais um ano, Unimed Piracicaba organizou evento com a presença do especialista Neury José Botega

A Unimed Piracicaba apresentou, na noite da última terça-feira, no anfiteatro da Fumep (Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba), uma palestra com o médico psiquiatra, professor e pesquisador Neury José Botega, diretor da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio. O evento foi em alusão à campanha Setembro Amarelo e reuniu psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e universitários.

Em entrevista ao JP, ele reforçou que o ponto de partida para se detectar transtornos psiquiátricos que podem levar ao suicídio é a mudança de comportamento da pessoa. “Ela começa a se isolar, chega atrasada em com promissos, passa a ter desinteresse em tudo. São sinais de alerta. Mas há casos de quem não dá sinais”, explicou.

Por isso, ele defende o que chama de ROC – Repare, Ouça e Conduza. “Repare no risco, ouça com atenção sem julgar e conduza à pessoa até um profissional de saúde mental. Nos casos mais graves, o paciente não sai da cama e não consegue se levantar nem para tomar banho”, cita.

De acordo com o especialista, no âmbito do comportamento autoagressivo, o suicídio é a ponta de um iceberg. “O ato representa uma comunicação que pode funcionar como denúncia, grito de socorro, vingança ou fantasia de renascimento. Por isso, ideias, ameaças e tentativas de suicídio - mesmo aquelas que parecem calculadas para não resultarem em morte - devem ser encaradas com seriedade, como um sinal de alerta a indicar sofrimento e atuação de fenômenos psíquicos e sociais complexos. Não devemos banalizá-las”.

No Brasil, até aproximadamente o ano 2000, o suicídio não era visto como um problema de saúde pública, ofuscado por doenças endêmicas ou outras causas de morte violenta. “Os condicionantes de uma violência intrínseca à nossa sociedade já eram discutidos, mas a violência silenciosa dos suicídios permanecia à sombra dos índices de homicídios e de acidentes de trânsito”, revelou Botega.

Carlos Joussef, presidente da Cooperativa, lembrou a importância de desmistificar o tema.“Precisamos focar na prevenção. Escutar quem está em sofrimento e tentar intervir em questões que podem ser gatilho são fundamentais, além de oferecer suporte e saídas”, alertou.

Nani Camargo
Especial para ao JP

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