06 de outubro de 2024

Eleições 2022

Por Ana Pascoalete |
| Tempo de leitura: 4 min

Por Ana Carolina Carvalho Pascoalete

Na última eleição a população enfrentava tensões com a espera do resultado do desfecho presidencial no Brasil, que levou muitos brasileiros a fortes reações emocionais e busca de ajuda com apoio de profissionais na área da saúde mental. E para quem esperava um clima político diferente para esse ano, vale refletir: será que estamos caminhando em nova direção?
As candidaturas e possíveis propostas de governo estão sendo apresentadas para a sociedade, porém, nas últimas semanas venho acompanhando entre os pacientes da clínica uma forte carga de tensão demarcada por dois lados bem definidos, com emoções exacerbadas e ansiedades em relação ao futuro do País, percebo entre os atendimentos clínicos que há um mal-estar em relação a um possível governo que pode evocar um ambiente perigoso, como medo de um regime de extrema direita ou esquerda. E ainda muitos indivíduos abordam sobre os impactos que as últimas eleições desencadearam nas relações sociais, demarcando rompimento entre amigos, que em alguns casos não foram superadas, além de conflitos com familiares, colegas de trabalho.
Vale destacar que algumas pessoas estão buscando por atendimento psicológico porque sentem se angustiados com a ideia do medo com o desfecho que os eleitores produzirão nas urnas eletrônicas e que custará o tempo de mais quatro anos e tudo que esse tempo envolverá com políticas já conhecidas ou novas. Isso simboliza que o cenário brasileiro continua sendo marcado pela desorientação e imprevisibilidade, dificultando a compreensão as disputas do poder. Para o principal presidente, como desdobramento da pandemia, temos a crise econômica, com a missão de conter a estagflação e o aumento do desemprego e miséria.
A situação financeira do país é um forte preditor de voto porque atinge diretamente todas as classes da sociedade. Na análise da escolha racional e do voto retrospectivo temos como critério a avaliação que os indivíduos fazem dos políticos e seus governos no que regem a eficiência, honestidade e solidariedade social. E o atual, visando melhorar seu desempenho a minimizar a crise política ofereceu o auxílio emergencial no decorrer da pandemia, além da substituição do bolsa família criada pelo forte candidato opositor e ex-presidente da nação, por um programa que visa superá-lo aumentando o valor recebido pelos cidadãos.
Em relação a gestão da economia em si, não há o reconhecimento de eficiência. Quanto ao seu principal oponente, referindo –se ao quesito moral, ambos contam com um histórico que não os favorecem, com denúncias de corrupção e instauração de CPIs durante seus governos que reduzem a confiança e legitimidade dos representantes e das instituições democráticas, nesses aspectos alguns candidatos com baixa possibilidade em ser eleito, se beneficiam. Tudo indica que nessa eleição teremos novamente a polarização política em duas frentes bem definidas e os demais candidatos seguem apagados, dificultando transpor essa condição uma vez que os lideres nas pesquisas possuem um eleitorado fiel e proporções estáveis de intenção de voto, rejeição e potencial eleitoral.
A força do ex-presidente e forte candidato a oposição do governo vem de cidadãos nordestinos, das mulheres, dos jovens e dos indivíduos que rejeitam o presidente atual, enquanto a liderança atual conta com o apoio de homens, nas regiões sul e norte, das classes médias e altas e das ondas religiosas conservadoras. Vale apontar que as redes sociais fazem da internet um fenômeno político que continuarão afetando as eleições com a alta capacidade de distribuir mensagens a baixo custo, de forma orgânica, fortalecendo ideologias, simplificando as informações e disseminando fake news.
E se a nova política não funcionou na opinião de uma parcela significativa da população, voltamos a velha? O atual presidente luta contra a crise econômica e a má avaliação retrospectiva de seu governo, enquanto ex-presidente, opositor, líder no passado busca se ancorar na percepção de eficiência de seu governo e mobilizar o saudosismo para transpor a rejeição e o desgaste de seu partido. Por fim, o centro ou terceira via, tem como missão construir uma candidatura coesa e forte para fazer frente aos dois principais candidatos e conquistar os eleitores que rejeitam essas duas frentes.
É um cenário difícil, trabalhoso, incerto e repleto de oportunidades para direcionar o rumo do país nos próximos anos, sem opinar preferência pelos jogadores na disputa pelo poder, mas na torcida pela calmaria e cura dos indivíduos que vêm lutando para evitar o adoecimento de toda uma nação.

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