23 de novembro de 2024

O pai do século 21

Por Francisco Ometto |
| Tempo de leitura: 3 min

Por Júnior Ometto

“A formação do caráter é a obra mais importante que já foi confiada a seres humanos e nunca no passado seu cuidadoso estudo foi tão importante como hoje. Jamais qualquer geração prévia teve de enfrentar aflições tão intensas; nunca antes rapazes e moças foram confrontados por perigos tão grandes como hoje”. (Ellen G. White).
Um desafio, porém, maravilhoso! Isso é ser pai, ainda mais no mundo atual. Difícil? Sim! Há manual? Não! Mas se houver amor e empenho, tem tudo para dar certo. Todos nós falhamos, pais, filhos. O que importa mesmo é o aprendizado. Que tal nos lembrarmos do recado de Renato Russo na música “Pais e Filhos”: “…são crianças como você, o que você vai ser quando você crescer”. Profunda reflexão… Filhos têm muito de nós, nós temos muito dos filhos. Como a empatia, em seu correto significado, tem poder transformador!
A partir da virada do século, tivemos uma mudança radical na dinâmica familiar, caracterizada (principalmente) pela entrada da mulher no mercado de trabalho. Com isso, as tarefas começaram a ser divididas, ao contrário do que historicamente observamos, ou seja, o pai provedor, pagador de contas, e a mãe, educadora, afetuosa, responsável pelos cuidados com o lar. Para muitos, a “ficha ainda não caiu” e, por isso, temos muitas consequências negativas para o desenvolvimento dos filhos. Pais ausentes podem causar baixa autoestima, ansiedade, insegurança, desnutrição, problemas de obesidade, agressividade, compulsões (ainda mais num mundo que se aproveita disso e dita as normas e quantidades de “consumo”), evasão escolar, uso de drogas, dificuldades de relacionamento, além de doenças físicas e emocionais aos filhos. Entretanto, é importante lembrar também que, a ausência do pai ou da mãe não significa a “certeza” desses problemas na vida dos filhos, uma vez que existem vários fatores a serem considerados nesse contexto. Por outro lado, um pai ausente não sabe o que está perdendo em viver intensamente uma vida “ao lado” do filho, pois são inúmeros os benefícios emocionais e, consequentemente, físicos. Todos ganham nisso, inclusive a mãe! Como sempre digo, conflitos não são nada bem-vindos em nossa mente e todos nós nascemos com a essência do bem, portanto, vale muito a pena nos sintonizarmos a ela!
Freud, há mais de cem anos, disse: “As emoções não expressas voltam de piores formas mais tarde”. Talvez seja esse o antídoto. Pais precisam entender o recado dos novos tempos e se desvencilharem das “regras”, que nós, profissionais da saúde mental também chamamos de “crenças limitantes” e que tanto estragam a felicidade das pessoas. Neste caso específico, falo da regra do “homem não chora”, “homem não pode mostrar sentimento”, “homem não precisa ajudar nas tarefas da casa”, “homem não isso, homem não aquilo…” enfim, quem disse? E… por que? Filhos não querem um pai apenas provedor ou pagador de contas… Filhos não se sentem seguros com um pai dominador, ou que apenas aparece para dar broncas. E que bom que as coisas estão mudando! Filhos estão cada vez mais próximos do pai e os dois estão, com isso, cada vez mais felizes e realizados.
O trabalho é importante, o dinheiro é importante, mas o tempo é precioso e… irrecuperável! É preciso equilíbrio. Que preço estamos pagando pela vida que temos? A palavra “prioridade” precisa ser observada, também, sob outros ângulos. Critique-se sobre suas prioridades: o que cada uma delas, a médio e longo prazo, te trarão? Que sentido elas têm para você? Aprenda o que precisa ser aprendido, mas desaprenda o que não é mais necessário ou adequado e, como disse Pierre Dac, lembre-se sempre de que “o futuro é o passado em preparação”. O que você está preparando para você e para seu filho?

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