25 de dezembro de 2024

A indispensabilidade

Por José Faganello |
| Tempo de leitura: 3 min

Por José Faganello

“O cristianismo prometeu o céu, prometo manteiga”. (Mussolini)
Poucos conhecem a história da URSS bolchevista. Terminada a segunda Grande Guerra, o mundo dividiu-se em dois blocos antagônicos: o oriental, liderado pela URSS e o ocidental, sob o comando dos EUA. Teve início, então, a Guerra Fria. Ela provocou uma insensata corrida armamentista e provocou o surgimento de absurdos preconceitos entre os habitantes de cada uma das partes envolvidas. Cada bloco procurava desmoralizar o adversário espalhando contra ele toda sorte de imposturas. Conhecer a realidade era praticamente impossível para o cidadão comum, pois as notícias eram todas manipuladas. Tanto os ocidentais como os orientais acreditavam que o inimigo, ou seja, os comunistas de um lado, os capitalistas do outro, comiam criancinhas.
Aqueles que procuravam fugir destas informações distorcidas e estudar detalhadamente a realidade, além das dificuldades já expostas, corriam o risco de serem considerados perigosos à segurança nacional. A “cortina de ferro” praticamente impedia a saída de qualquer informação que não fosse ideológica. As agências noticiosas do ocidente abusavam da contra propaganda. Aqueles que, romanticamente, acreditavam no socialismo como solução, para as injustiças sociais, acabavam por acreditar que tudo o que de errado era apontado contra a URSS, era falso principalmente as notícias sobre as atrocidades lá cometidas. O aterrorizante governo de Stalin, por exemplo, hoje é muito mais fácil de ser avaliado do que tempos atrás. Externamente pouco imponente: “uma mancha cinzenta” como o chamou Sukoanov (media apenas 1.58m), Stalin conciliou e manobrou onde foi preciso, até chegar ao topo. Lá colocado, manteve-se pelo terror e pelo medo. Todos os assassinatos, torturas, gulags, para ele, eram perfeitamente justificáveis.
O poder na URSS era tudo o que os bolcheviques conseguiram com a Revolução de Outubro. Era o único instrumento que eles dispunham para mudar a sociedade. Este poder era assediado por dificuldades constantes. Mantê-lo a qualquer custo, eliminar todos os obstáculos, era o único meio de assegurar o sucesso da empreitada. Stalin acreditava que só ele sabia o caminho e era suficientemente determinado para seguí-lo. Outros chefes de Estado, militares e políticos, também tiveram, têm e terão esse senso de indispensabilidade. Só, no entanto, os que dispõem de poder absoluto estão em posição de obrigar outros a partilhar esta crença. Stalin possuía a mesma idéia de Lenin: O vencedor deve ganhar tudo, o perdedor, perder tudo. Convencido de que a única maneira de impor a felicidade socialista era o terror, usou-o de maneira extremada. Até hoje não se conseguiu calcular adequadamente o custo humano das décadas de ferro da Rússia. “Estamos mais bem informados sobre as perdas do gado soviético, nesta época, do que sobre o número de adversários do regime que foram exterminados” (Keslay, 1983, pág. 26).
Não foi apenas no mundo socialista que a população amargou um governo que exercia o despotismo em nome do bem. Mussolini na Itália, Hitler na Alemanha, para não citar mais outros, fizeram o mesmo. Eles tiveram o apoio fanático das grandes massas, habilmente manobradas pela propaganda política. Mussolini e Hitler eram, para seus compatriotas, imprescindíveis. O bom governo que, aparentemente executavam, merecia não só prorrogação por tempo indeterminado, como a eliminação sumária de qualquer descontente, acreditavam quase todos.
Vamos aguardar o que irá nos acontecer. Com um governo que, ao quase como Stalin, é que emitia a torto e a direito medidas provisórias que manipulam o congresso e a mídia com facilidade e tem o apoio de grande parte da população de levar avante a previsão não quer sair do poder, não será fácil que ele consiga, além do frango, proporcionar a manteiga de Mussolini e o pão do Evangelho para todos. Para ele, tudo indica estar reservado o céu do poder. Ou será o inferno, como costumam afirmar os que nele estão, mas de onde, nunca, querem sair.
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Frente aos números atuais, os anões do orçamento que nos anos 1990 faziam emedas em favor de entendidas e criadas por eles mesmos e embolsavam o dinheiro. Atualmente a cada dia, os casos que surgem são mais amplos e similares aos do passado.

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