25 de dezembro de 2024

A Falência

Por José Faganello |
| Tempo de leitura: 3 min

Por José Faganello

“A verdade é que a civilização bem como a liberdade, se não decreta. Só há um único meio de alcançá-la: merecê-la” (Ramalho Ortigão).

O homem desde quando descobriu que era impossível viver isolado, cada um por si, e que agrupar-se era essencial para sobreviver, percebeu, também, que era necessário estabelecer normas, impor regras, para que no grupo não imperasse o caos.
Normas e regras exigem uma autoridade que zele por elas e as faça cumprir. até hoje, pregavam a ausência total de governo e de partidos políticos. Diziam, com razão, que aquele que se apossa do mando, exerce-o despoticamente, nunca em favor da comunidade e sim dele e de seu grupelho.
Sempre houve, por parte de muitos, a busca de um governo que estabelecesse a ordem, defendesse o grupo, dos inimigos, programasse os esforços numa direção única, enfim, governasse efetivamente.
O primeiro foi o dos reis teocráticos. Enfeixavam em suas mãos, além do poder temporal, o sobrenatural. Este tipo de governo foi uma demonstração inequívoca do caráter humano: sempre procura levar vantagem de modo absoluto. Por sua vez, a história mostra como as massas humanas, embora se constituindo em maioria absoluta, são facilmente manobradas e submetidas à tirania. Aliás, exemplos não faltam de cidadãos saudosos pelos tiranos. É comum, diante do descalabro de nossas autoridades, ouvir-se, com frequência impressionante, pessoas clamando pela ditadura.
Dos reis teocráticos passamos pela Democracia Grega, pelo Império Romano, pela Idade Média, pelos reis absolutos e a Revolução Francesa.

Em nossas escolas os alunos aprendem que chamamos de civilização o estado atual de nossos costumes e de barbárie os anteriores a nós.
Com certeza, os costumes atuais serão chamados bárbaros quando tornarem-se costumes passados, mas diante daquilo que estamos assistindo, não há necessidade de esperar nada – nosso comportamento já é de incivilizados e bárbaros.
Segundo Euclides da Cunha, “estamos condenados à civilização. Ou progredimos, ou desaparecemos”.
. Resta-nos a dúvida se haverá provimento rápido da justiça. Como grande parte da polícia e do poder judiciário são acusados de envolvimento, as pessoas politizadas assistem estarrecidas, a participação dos três poderes da República no crime. É a falência do Estado.
Infelizmente, não se pode esperar que nossa sofrida população, sem instrução, alienada politicamente, sem líderes dignos de confiança, saiba, na hora do voto, o que Winston Churchill disse: “A civilização significa uma sociedade baseada na opinião de civis, portanto a violência, a dominação de guerreiros e de chefes despóticos, as condições de campos opostos e de luta armada, de sedição e tirania cedem lugar a parlamentos em que as leis são feitas e a tribunais de justiça independentes a zelarem para que elas sejam mantidas e obedecidas por longos períodos.
Até agora nossos eleitores não conseguiram escolher candidatos que fizessem juz à descrição acima. Estamos sob um governo ditatorial, que governa por leis feitas através de medidas provisórias, não do parlamento. Este abdicou vergonhosamente de suas funções em troca de favores espúrios, e da impunidade corporativista mantida até o presente momento.

Neste momento, em que o Estado Nacional está em perigo devido à globalização, a corrupção generalizada, embora conhecida, mas não em sua total extensão, ameaça nossa precária democracia, ou seja, nosso Estado Nacional, cada vez mais fragilizado, injusto, corrupto e desqualificado.
Nos últimos governos vivemos em um mundo de faz de conta, como era em nossos folguedos de infância.
Continuamos a dizer que é um país do futuro. Desde criança ouço isso. Quando chegará esse futuro?

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