27 de julho de 2024

Amizades

Por Ana Pascoalete |
| Tempo de leitura: 3 min

Pertencer a grupos e construir relações de amizade ajudam na inserção dos seres humanos nas regras e normas da convivência social, fortalecendo o processo de autonomia e de identidade do indivíduo.
Pesquisas apontam que as relações de amizade vêm passando por mudanças significativas na atualidade, pois no passado estavam centradas na convivência familiar, migrando atualmente para as relações sociais, em especial entre pares de pessoas que compartilham características como gênero, idade e escolaridade. Esses grupos tornam-se agência socializadora de pessoas que podem compartilhar suas experiências e a partir dessas vivencias são aprendidas normas e regras para se viver uma vida em sociedade, considerado que, o grupo de amigos é a principal fonte de referência de muitas crianças e adolescentes viverem seu processo de desenvolvimento, e muitas das representações experienciadas no decorrer desse processo constituirão os significantes de cada experiência cotidiana.

Para algumas pesquisas ao redor do mundo a importância da amizade em dificuldades como problemas familiares, doenças físicas e momentos de sofrimento psíquico, funciona como uma válvula de escape, que será um recurso facilitador para percorrer e superar o processo de dificuldade. Porém, os amigos em todas as fases da vida auxiliam em um processo de autonomia em relação as referências familiares, para a busca em encontrar seu lugar no mundo.
Agora, na sociedade contemporânea, vivencia–se novas formas de relacionamento social, como as amizades por meio das redes sociais, construindo laços enfraquecidos, colegas aleatórios, conhecidos, contatos, uma vez que esse perfil de laços favorecem a inserção de vários grupos diferentes, gerando uma grande importância dos amigos em comum, que multiplicam o número de amigos em uma escala quase ilimitada, preparando o cérebro humano para lidar da mesma forma com amizades presenciais e virtuais.
Esses relacionamentos virtuais apontam para uma insuficiência afetiva, com contatos superficiais de pouca intimidade. E por mais divergência entre as opiniões não podemos ignorar o potencial das relações humanas, independente da forma que essa relação é construída, ela acaba sendo determinante para a inserção do indivíduo em uma forma especifica de ver, sentir, conhecer e compartilhar o mundo, e essa dimensão é fundamental para a constituição do ser humano.

Afinal quem nunca precisou de um amigo? Desabafar sobre as angustias da vida e comemorar as conquistas do lado de uma pessoa especial. A natureza do ser humano em viver em sociedade e ser integrado a um grupo nos acompanha desde os primórdios no planeta terra, pois aqueles que viviam em grupo, tinham mais chances de obter a caça, se esquentar nos períodos de inverno. A revista Perspectives on Psychological Science publicou um estudo que levanta a hipótese de a solidão ter um valor adaptativo para seres humanos e animais e que, assim como a fome, sede e dor, ela também pode ter uma característica de alerta de reconexão com outros indivíduos a fim de aumentar nossas chances de sobrevivência e reprodução.
Em uma pesquisa realizada pela universidade de Harvard que liderou os estudos sobre a saúde humana tem uma conclusão surpreendente: o elemento que mais influencia a saúde das pessoas são os amigos.
Estudo sobre a amizade e a longevidade pela universidade Brighem Young demonstram um aumento de 50% na probabilidade de viver mais quando se possui uma rede sólida de relações sociais. O desenvolvimento emocional pode ser impactado pelas amizades que fazemos, desta maneira estimula–se o aumento da empatia, além de aumentar os hábitos saudáveis ou nocivos, pois a chance de reproduzirmos o comportamento das nossas amizades é grande, ou seja, aposte em amizades que estimulem felicidade e benefícios em sua vida.

LEIA MAIS