21 de novembro de 2024

Por que meus relacionamentos não dão certo?

Por Francisco Ometto |
| Tempo de leitura: 3 min

Essa é uma pergunta cada vez mais recorrente e talvez até você já tenha feito. No Brasil, de acordo com pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), um a cada três casamentos termina em divórcio. De acordo com o Colégio Notarial do Brasil (entidade que representa 8.580 cartórios de notas do país), 2021 foi o ano recorde de divórcios desde 2007 - ano do início da série histórica dos registros - entretanto, nossa reflexão não para aí.
O número de casamentos está diminuindo e os divórcios aumentando? Sim! E os que se mantém juntos… como estão? A pandemia tem influência sobre isso? Sim, mas, na verdade, ela apenas “carimbou e acelerou” as causas que descrevo no artigo de hoje, as quais merecem atenção, tanto de quem está junto com alguém ou de quem está procurando alguém.
Inicialmente, é importante entender que a maneira como o ser humano se relaciona afetivamente já é construída desde o início da sua vida e a tendência é repetirmos situações emocionais que vivemos no passado que, de alguma maneira, não foram totalmente resolvidas pelo nosso psíquico. Numa analogia ao aparelho digestivo, podemos dizer que, como uma comida “pesada” tende a voltar para ser digerida, o psíquico muitas vezes tende a reproduzir a mesma situação para “digeri-la” melhor e isso acontece em vários segmentos de nossa vida (não só nas relações afetivas), o que, não tratado, traz muito desconforto, problemas e doenças. Na maioria dos casos, inclusive, isso explica o fato de alguém buscar relacionamentos que, visivelmente, não fazem bem.
Para entrar em um relacionamento, é preciso priorizar o que realmente os manterá juntos e não apenas a parte física, sexual, material ou em afinidades (que também são importantes). Se uma relação não é sustentada por amor, ela fará os dois ou um deles sofrer ou viver em um desastroso conflito e vale lembrar que amor de verdade, a gente vê pouco por aí, o que, por si só, já explica uma grande parte dessa tragédia. Quais os interesses de cada um: visão, personalidade, objetivos, caráter, enfim, o que realmente se partilhará com conteúdo e valor na relação agora? Tem sustentação para o futuro? Pois são essas, e somente essas, as coisas que conseguirão manter uma relação viva e vivida com intensidade.
Os opostos podem até se atrair, mas são as semelhanças que manterão um casal unido e preparado para superar as dificuldades da relação, mesmo porque nem sempre o que nos atrai é o que precisamos.
Há ainda os casos em que se busca no outro a complementação do que não se tem (aí entraria o termo “opostos”), o que não é saudável, porque uma relação não pode ser estruturada em falhas ou diferenças, ou então em buscar no outro um acerto, uma correção ou uma complementação. Precisamos estar completos, realizados e de bem conosco mesmos para então colocarmos alguém (que deve estar nesta mesma situação) em nosso caminho. Relações devem nos “transbordar” e não nos “completar”.
Falta de confiança ou diálogo, expectativa x realidade, conflitos, filhos, passado, infidelidade, diferenças ao longo do tempo… são muitas as causas do insucesso das relações atualmente. Não busque paliativos e muito menos se agarre a “sensações momentâneas” ou aos “apelos e regras” distorcidas da sociedade. Seja você, busque se encontrar, se resolver internamente e que a sintonia com o outro seja na alma. É só a partir daí que essas e tantas outras causas são evitadas e que as relações podem se desenvolver de forma saudável, prazerosa, construtiva e duradoura.

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