25 de dezembro de 2024

Esqui da vida

Por Rubinho Vitti |
| Tempo de leitura: 3 min

Quando foi a última vez que você fez alguma coisa pela primeira vez? Li essa frase em algum lugar e desde então me faço essa pergunta constantemente. Um sabor novo de sorvete? Um passeio por um parque desconhecido? Ou apenas a mudança da rota na hora de voltar para casa.

Nem sempre a gente se mobiliza para que mais coisas novas sejam feitas dia após dia, não é mesmo? Faz parte! A rotina pode ser uma benção, mas sair dela, pelo menos por pouco tempo, pode nos ensinar muito!

Daí, um dia desses resolvi fazer algo que nada tinha a ver com meu estilo de vida, mas que sempre foi uma curiosidade instigante. Fui esquiar! Escolhemos Zakopane, uma pequena vila da Polônia, cerca de três horas distantes de ônibus da Cracóvia. E lá fomos nós, despreparados, desprendidos, sem experiência, levando na mala roupas de inverno e na barriga aquele friozinho congelante.

Pois bem! A ideia era aprender a esquiar, então contratamos um professor e duas horas de aula foram suficientes para saber o básico. Mas o básico não significa nada, praticamente, para que a experiência seja um sucesso.

Para minha surpresa, porém, não foi apenas um esporte novo que aprendi, mas todo um universo de possibilidades. Algo que era muito distante (financeiramente, principalmente) se tornou uma pequena lição de vida, que gostaria de compartilhar com vocês neste espaço.

Vamos às lições!

Está tudo bem cair.
Escorregões acontecem o tempo todo e, por mais que sejam vergonhosos e engraçados no começo, eles vão se tornando parte da prática. Caiu? É só levantar, sacudir o excesso de neve e seguir adiante sem julgamentos. Se no esqui vale, porque não na jornada da vida?

Equilíbrio!
Equilíbrio é tudo, mas para uma pessoa desequilibrada como eu, às vezes é preciso uma mãozinha. Daí temos os "stickers", aqueles "pauzinhos" de esquiadores que dão um belo apoio ao equilíbrio. Quem já tem uma grande experiência pode não precisar deles, mas na insegurança, aceitar esse auxílio não tem nada de ruim.

Autoconfiança!
Quando você olha lá de cima uma pista de esqui íngreme e cheia de obstáculos, dá vontade de pedir para um helicóptero ir buscar você! Mas depois da segunda, terceira ou quarta vez, é possível entender melhor o caminho, saber de seus detalhes e ir mais autoconfiante ao fim. Se sua cabeça está mais focada no "não conseguir", o medo certamente vai atrapalhar seu desempenho.

Prática!
Praticar quantas vezes for necessário um movimento de perna, joelho, posição dos esquis nos pés, etc, é fundamental para esquiar com mais facilidade. Não ter vergonha de ser aprendiz, mesmo em câmera lenta, vai levar o praticamente a um patamar maior.

Saber quando avançar!
O nível de dificuldade da pista de esqui pode ficar muito fácil depois de um tempo e o praticamente vai querer buscar novos desafios e a altura e inclinação vão ficando maiores. Mas se saber que é hora de evoluir é importante, entender quais são os limites também. O tombo pode ser feio e o praticante vai ficar mais traumatizado do que confiante após passar por essa experiência. Calma! Tudo a seu tempo.

Tá vendo como tudo isso tem muito a ver sobre esquiar, mas também com a vida cotidiana. Cair, levantar, praticar, melhorar, buscar um nível mais difícil para finalmente se sentir realizado.

Parece clichê, mas foi o que aprendi esquiando e esse aprendizado pode ser treinando boxe, surfando, correndo, seja lá o que você quiser experimentar.

Cada tipo de esporte tem uma pluralidade de lições que são ligadas nitidamente com a vida cotidiana. Basta querer aprender algo novo.

E então, quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?