25 de dezembro de 2024

Sem pensar...

Por Marisa Bueloni |
| Tempo de leitura: 2 min

O cronista tem grande liberdade de expressão, e assim pretendo manifestar aqui meu desalento com o que fazemos sem pensar. Sem pensar… Quantos arrependimentos isso já nos causou? E quantas noites em claro ainda passaremos, por fazer ou dizer algo sem pensar?
        Refiro-me, também, aos assuntos do coração, mas incluo aqui todas as demais turbulências do relacionamento humano, ousadias da juventude,  inseguranças da idade adulta e, depois, as escorregadelas do tempo provecto, quando cabelos brancos não querem dizer absolutamente nada.
        Os fios de prata por baixo da cabeleira loira apontam apenas para uma tempestade hormonal que teima em percorrer corpo e alma, como se neles pedisse moradia fixa. Sem querer, magoamos quem mais amamos. Tem volta? Depende.
        Pedir perdão é um gesto da mais pura nobreza. Pedir perdão e saber perdoar. Duas mãos, dois tesouros. Desejo de restabelecer a harmonia comprometida, a amizade desfeita. De minha parte, luto para não ofender ninguém. Contudo, numa situação inesperada, onde nos sentimos atingidos em nossa dignidade, podemos, sim, cometer o grave deslize da ofensa.
        Quem não viveu algo parecido? Quem já se sentiu perdido e desnorteado perante o outro, sabe como é. Há equívocos, desentendimento, confusão. Sentimo-nos humilhados e, por um segundo de irreflexão, perdemos a paciência, vindo a nos arrepender pelo resto da vida.
        Mas, ah! E quando o outro entende que foi o causador da confusão! Quando percebe que, sim, foi ele mesmo o autor do desatino e nos perdoa pela nossa destemperança. E então, vem um e-mail doce e compreensivo. Uma mensagem de bandeira branca, acenando a reconciliação. O coração pula de alegria e até o sono da noite se recupera.
        Temos de ficar atentos a esta trama diabólica que é a emissão da palavra, seja dita ou escrita. Uma vírgula mal colocada pode dar início a algo bem tempestuoso.  Felizmente, um final feliz e pacífico surge no horizonte, quase sempre, e a vitória do bom entendimento reina de volta.
        Certamente, caro leitor, você também já fez das suas, num momento de precipitação. Todos nós fazemos. E a desculpa está justamente neste fato: foi sem pensar. Dizem que de pensar morreu um burro, mas pensar muito nunca será considerado excessivo, quando a questão é a boa palavra, o bom relacionamento, a bonança entre tudo e todos.
        Sem pensar? Nunca mais!…

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