23 de novembro de 2024

A ciência e o futuro

Por Rubinho Vitti |
| Tempo de leitura: 3 min

Não me considero uma pessoa otimista. Muito pelo contrário. Os anos se passam e meu pessimismo se aflora na mesma proporção que assisto o desenrolar desse enredo mal escrito chamado humanidade.

Sinto-me culpado, confesso, mas não acho que pensar positivo muda alguma coisa e tenho minhas dúvidas sobre a existência de seres divinos que possam tomar conta desses humanóides aqui vagando pela Terra e destruindo tudo o que encontram.

Mas se tem uma coisa que esse tal pessimismo combina é com as previsões de futuro feitas pela ciência. Até 2050 uma grande parte da humanidade (ou toda ela) vai deixar de existir. Tudo por conta das asneiras que nós mesmos fizemos, sem dedo de Deus ou do tinhoso.

Tal previsão é feita com estudos do Centro Nacional de Descoberta do Clima da Austrália. Os cientistas dizem que, em 30 anos, os termômetros vão aumentar 3ºC, o que pode não parecer muito para o seu ar condicionado, mas para a natureza, é.

Incêndios, furacões, fenômenos como El Niño vão transformar a Terra em um ambiente terrivelmente inóspito. Áreas mais quentes terão que ser inabitadas, gerando um fluxo populacional de um bilhão de pessoas. Isso significa mais embates sociais e políticos e um caos imigratório.

Mas se 30 anos para você, caro leitor, parece muito (em 2050, eu vou ter o que, 64, 65 anos) o que falar sobre 2030, que está praticamente aí? John Beddington, principal conselheiro científico do governo britânico, descreveu a próxima década como o início do fim.

Com uma população mundial de 8,3 bilhões de pessoas, o planeta falta de alimentos, energia, água potável e muito mais. Tudo isso em uma Terra 1,5ºC mais quente. Isso seria o suficiente para o início de um colapso econômico social, o que, segundo ele, é uma "tempestade perfeita" para o que chamamos de Apocalipse!

E se 2030 está ainda longe para o seu desespero começar, que tal falarmos sobre o ano que se inicia?

Quando um ano começa, como está começando 2022, alguns preferem acreditar nas previsões de astrólogos e "videntes", apostando com quem tal celebridade vai casar ou qual time vai vencer a Libertadores da América. Mas afinal, qual ser iluminado previu a pandemia da Covid-19? Onde estavam quando a doença começou a se espalhar pelo mundo?

Eu prefiro ler sobre o que a ciência espera nos próximos 365 dias. Se no final de 2020, a expectativa era que a vacina pudesse acabar com a pandemia em seis meses, começamos este ano entendendo que as variantes não vão deixar muito barato esse nosso mundinho enquanto não houver uma gana maior no combate à Covid-19.

Entramos no terceiro ano da Covid-19. Enquanto centenas de profissionais se esforçam para esclarecer o horizonte da pior pandemia da história, alguns ainda lidam com o assunto de forma branda, irracional e até mesmo distópica (o filme "Não Olhe para Cima" está aí pra isso).

O presidente do Brasil é um exemplo claro disso, sendo oposição a todos os conselhos sanitários já propostos no país.

Razoavelmente, em 2022 já deveríamos ter aprendido um pouco mais, entendendo quem é contra e quem é a favor da continuação do caos.

Ao invés disso, temos uma faixa de 20% dos brasileiros abraçando um político inerte, que desde o início apenas foi uma pedra malcheirosa no caminho do livramento da doença.

E esse combo das mudanças climáticas mais pandemia mais políticos que disseminam a desinformação e pregam a ignorância é muito mais apocalíptico que qualquer capítulo bíblico poderia um dia pensar em rascunhar.

Teses científicas podem não ser 100% eficazes, mas se erram em um ano, apenas atrasam suas previsões. Elas acabam acontecendo, cedo ou tarde.

Por mais que tenhamos consciência do risco que a humanidade corre, nada de muito concreto está sendo feito. Tirando a Greta Thunberg, quem de fato está gritando por mudanças?

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