23 de novembro de 2024

A Mutação

Por Rubinho Vitti |
| Tempo de leitura: 2 min

Uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos são Os Mutantes. O trio original ficou junto entre 1967 e 1972 e tinha como objetivo sempre mudar, seja adicionando elementos da música brasileira no rock ou participando de festivais da canção completamente fantasiados.

De mutantes também existem os X-Men, que, dos quadrinhos aos cinemas e videogames, mostram que a união das diferenças nos dá poder suficiente para lutar por um mundo melhor.

Já a Record fez uma versão abrasileirada. Mutantes, novela que escancara o baixo orçamento de efeitos especiais brasileiros, é um clássico da cultura pop (e já retrô) do audiovisual do país.

Uma infinidade de outros produtos do entretenimento, livros, filmes e séries, exploram esse tema.

Mas se houvesse um campeão mundial nesse quesito, o Oscar da Mutação 2020-2021 iria para, ninguém mais, ninguém menos, o reizinho das pandemias: SARS-CoV2, Covid-19, coronavírus (ou como você desejar chamá-lo).

Tal mutante não é eclético musicalmente ou tem rainhos vermelhos que saem dos olhos. Além disso, é mais malvado que Magneto e Darth Vader juntos.

É de sua natureza camaleoa, como qualquer vírus, ser mutável. E ele consegue tal proeza a partir do momento que consegue se reproduzir mais e mais.

Assim, desde seu surgimento, a Covid-19 já teve variantes encontradas em diversos locais do mundo, como Reino Unido, Índia, Brasil e na própria China, onde o vírus foi primeiramente detectado.

Agora, após quase dois anos de pandemia, uma nova cepa do vírus, a B.1.1.529, foi identificada em países do sul da África, colocando em pânico os governos de todo o mundo.

Mas adivinha só o que pode impedir a reprodução do vírus e, consequentemente, as mutações. Rita Lee, Arnaldo e Sérgio Baptista? O Dr. Xavier? Carla Dias soltando fogo pelas mãos?

Não! As vacinas contra a Covid-19!

Tanto Brasil quanto Europa têm avançado na vacinação de sua população e já pensam em adquirir milhões de doses extras. Enquanto isso, apenas 6,6% da população africana, que soma mais de 1,2 bilhão de habitantes, está totalmente vacinada.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) prevê que apenas cinco países africanos consigam vacinar 40% de suas populações até o fim do ano.

E isso acontece enquanto a Europa vê um aumento no número de casos da Covid-19, principalmente em países onde uma parte da população recusa se vacinar. Já o Brasil da ilusão tenta se planejar para curtir o Carnaval de 2022.

Desde o início, os cientistas vêm alertando as nações poderosas para que façam doações de vacinas a países onde a vacinação não é forte. Não é o que parece estar acontecendo.

Enquanto houver esse egoísmo vacinal e o mundo não estiver imunizado, não há fronteiras que impeçam a disseminação dessa Covid mutante, evoluída em países sem vacina. E vamos ter que continuar engolindo essa série mal-acabada de produção duvidosa e cheia de plot twists ruins.

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