Cooperar, não há outro caminho. Esse deve ser o verbo reger as ações políticas em todos os níveis de poder, seja na gestão municipal, seja no processo de integração regional com o objetivo de somar ideias, compartilhar demandas e buscar soluções. Nesta semana, sob a condução da Câmara Municipal de Piracicaba como presidência do Parlamento Regional, tivemos a clareza do quanto o foco na construção de demandas nascidas da sinergia entre os municípios pode significar avanços para cada uma das cidades membro.
Por muito tempo, medidas como o incentivo fiscal e a luta individual de caminhos para o desenvolvimento das cidades promoveu uma disputa nada inteligente entre elas, sem considerar as vocações dos municípios vizinhos e de como elas poderiam contribuir com o seu desenvolvimento. Mesmo Piracicaba, por exemplo, quando inicia sua atuação no setor automobilístico, opta por fazê-lo sem olhar a região, sua oferta de mão de obra e demanda por qualificação.
E o resultado disso é que a projeção de geração de empregos na casa dos 14 mil para a região, se superestimada não cabe aqui analisar neste momento, não se cumpriu. Será que com um diálogo mais amplo e regional não teria sido possível que os avanços locais fossem partilhados com os demais municípios? E este exemplo vale também para Iracemápolis, com a Mercedes. A fábrica fechada impacta profundamente a cidade e, neste caso, pode atingir as cidades vizinhas. É preciso ter clareza, estudos, embasamento técnico mais apurados para calcular os riscos e as oportunidades.
Um outro exemplo clássico do impacto regional de medidas governamentais diz respeito aos pedágios que estão sendo instalados na região. Ninguém mais questiona a lógica de que pedágios são condições para estradas de melhor qualidade, visto que o estado não consegue absorver ou subsidiar o custo operacional da gestão de suas malhas viárias. Mas, impactar milhões de pessoas, e sem discutir com elas esses impactos, através uma decisão quase que unilateral do governo, sob a justificativa de desenvolvimento regional, não nos parece lógico nem tampouco transparente.
Se um dos projetos do governo do estado é justamente o de promover a integração para o desenvolvimento regional através de regiões metropolitanas - entre elas a de Piracicaba – não é racionalmente aceitável que o ônus desta ação seja apenas do cidadão. E mais, contra a própria integração, barreiras como tarifas altas para o bolso do cidadão é justamente um fato de fixação dos cidadãos em suas cidades. Alguém que mora em São Pedro, tem um salário de R$ 3 mil, trabalha em Piracicaba, corre o risco de ter 10% do seu salário (bruto) consumido apenas com pedágio. Você manteria seu emprego?
Não é incomum que decisões que possam ser pautadas por interesses eleitorais ou econômicos limitem ao cidadão os custos da ideia. E quando este prejuízo vem permeado de falta de transparência, evidenciada no caso dos pedágios conforme afirmado por dezenas de vereadores regionais, é preciso rever, a qualquer tempo, as medidas e condições. Este é o papel do Praup.
Por que integrar a região? Porque as 23 cidades querem e se dispõem a discutir em conjunto, transformar pautas comuns em demandas regionais, demandas localizadas em trabalho de todos em benefício de uma única cidade. Trabalhar soluções locais garante que o impacto dos problemas não afete aos demais e garantir avanços locais, por outro lado, potencializa o desenvolvimento regional.
Gilmar Rotta é presidente da Câmara Municipal de Piracicaba e do Parlamento Regional do Aglomerado Urbano de Piracicaba
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