21 de dezembro de 2024

A sociedade moderna e as relações líquidas

Por Ana Pascoalete |
| Tempo de leitura: 3 min

Com o fenômeno da globalização, a modernidade liquida sofre mudanças de paradigmas rapidamente, pois a cada dia mais os avanços tecnológicos promove uma aceleração do tempo e fragmentação do espaço e das coletividades e com isso identificamos nas pessoas um individualismo e liberdade, extremados. Liberdade essa sem precedentes que a sociedade oferece para seus membros, porém em contraponto também se insere nesse contexto o sentimento de impotência, e com isso a necessidade de elaborar frustrações constantes.

Podemos dizer então que o ‘’mundo’’ passou a ser individualizado e o sujeito passou a ser livre para ‘’ser’’ com suas próprias forças, desta forma a liquidez pode ser identificada por meio da inconstância e incertezas que a falta de referência social ocasiona, afirmando que os padrões, regras que podiam antes nos direcionar e orientar estão escassos.  E com isso em um relacionamento, indivíduos podem sentir - se tão inseguros ou muito pior do que se não estivessem em uma relação.

Estamos vivendo um momento da crescente fragilização das relações sociais e afetivas e vale um alerta para refletirmos sobre a perspectiva em como lidar com esse fenômeno. Quando falamos de amor liquido estamos falando que os indivíduos estão contagiados pela necessidade de acompanhar um ritmo muito veloz com que surgem acontecimentos, assim as pessoas jogam o objeto de desejo fora e rapidamente substitui por outro mais novo, e percebemos que o que importa não é um relacionamento que simplesmente funcione ou de certo, mas o poder de escolher, trocar, possuir o que é mais novo, mais atual. Pode-se identificar que os indivíduos não se importam mais em ter um relacionamento, mas na constante atualização do ato de relacionar-se com novos indivíduos.

Esse novo modelo de que é possível ter tudo sem reter absolutamente nada, foi transferido para as relações afetivas, com a facilitação das redes sociais e aplicativos, pois cada vez mais se escolhe pessoas expostas através de fotos superficiais, como vitrines e se ao estabelecer um contato mais estreito encontrarmos algo que não nos agrada, basta o simples ato de desconectar, bloquear, trocar por alguém novo. Não existindo nenhum aprofundamento em qualquer que possa ser o compromisso entre as partes, um contato fragilizado, uma simples conexão que já acabou dando espaço para novas conexões iniciar-se, da maneira vigente de se relacionar na modernidade liquida, assim todos os indivíduos podem a qualquer momento trocar seus parceiros por outros considerados melhores.

Falamos do amor liquido, aquele que escorrega, desliza, é instável, não tem forma e nem substancia, não apresenta durabilidade, e se as relações estão sendo vividas dessa maneira encontrar alguém para estabelecer uma relação consistente e permanente é um grande desafio. Somente indivíduos com muita coragem de ariscar-se, fazer enfrentamentos de destaque pode tornar possível e ser capaz de escapar desse mundo l[iquido. Vale abordar que as inseguranças estimuladas por essa modernidade de relações líquidas, tornam os indivíduos expostos a apresentar desejos conflitantes entre estreitar laços e ou mante-los frouxos, e o desfecho do sofrimento que esses conflitos podem causar, são dificuldades diretamente vinculadas a saúde mental dos indivíduos.

E você leitor, consegue fazer uma reflexão? Isso também acontece na sua vida e ou de pessoas próximas? Vale apontar para quem se incomoda com esse atual modelo que se conseguirem se manter atentos aos demais e a si mesmos, permitindo- se a experiênciar no profundo o que uma relação pode proporcionar de bom e ou ruim, sem medo de iniciar, tentar, esforçando-se para driblar as dificuldades, pode ser possível encontrar uma relação alicerçada nas características que fortalecem o amor que não seja liquido, proporcionando uma base solida, harmônica e saudável para a vida de quem busca estabilidade, felicidade e bem estar.

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