25 de dezembro de 2024

O Centro da alma

Por Marisa Bueloni |
| Tempo de leitura: 3 min

Hoje, peço licença, pois gostaria de tratar um pouco de espiritualidade. Das nossas vivências. Do acervo humano que cada um possui dentro de si. Das nossas aventuras pessoais e da grandeza que é viver.

Penso num assunto fascinante. O centro da alma e a periferia da alma. As contradições vividas no dia a dia. Como é difícil lutar contra os fatores externos! Creio que o núcleo da nossa alma será sempre aquele que se inclina para Deus. É ali, no cerne da nossa espiritualidade que Deus repousa.

E quando não colocamos Deus no centro de tudo, nossa vida desanda. Entendo sempre que Deus deve estar em primeiro lugar. Quando o Espírito atua em nós, é maravilhoso! Tenho feito uma experiência mística fascinante: viver com pouco. Passar com o que tenho e comprar somente o necessário. Experimentar uma vida verdadeiramente franciscana. Aliás, neste momento, nem precisamos de muito, não temos aonde ir, até roupa está sobrando no armário.

Busco uma espécie de "pobreza temporal" e também espiritual, pois é como melhor me adapto a este mundo. Nunca me deslumbrei com nada, nunca senti inveja dos ricos e famosos, nunca desejei mais do que eu tenho. Sempre me contentei e já passei, como muitos de nós, fases difíceis na vida.

Nos momentos mais duros, rezei com fervor. Nas noites mais fundas e dolorosas, peguei o meu terço. E era ali, no centro da minha alma, que as forças se juntavam. Podia reconhecer meu lugar no universo, no mundo contemporâneo onde tenho de circular, conviver, me relacionar e comer o meu pão diário.

O centro da alma. Imagino que o leitor esperasse algo mais intimista. Algo a respeito da fé, da espiritualidade mais profunda. Do encontro com o divino. No meu caso, o espiritual se fundiu com o sofrimento do cotidiano, com a luta pela sobrevivência digna, o enfrentamento com o desconhecido – e o divino se revelou para mim.

Do centro da minha alma, vejo Deus agir em toda parte. Este Deus que age em nós, quando nos deixamos domar. "Solte os remos!" – diz sempre padre Edvaldo. “Solte os remos!”, repito com ele. Deixemos o Altíssimo comandar o barco da nossa vida. Deixemos o Espírito agir e atuar em nós. A Providência Divina existe e comprovei isso com meus próprios olhos.

Fico feliz quando encontro alguém em cuja pessoa existe esta clareza espiritual que anima e eleva. Sempre digo que andar nos caminhos de Deus não significa renunciar à alegria, ao amor, à felicidade, às coisas lindas da vida. Podemos ser felizes seguindo os mandamentos do Senhor.

A felicidade completa é uma utopia. No decorrer da existência, há perdas, doenças, luto, dor, sofrimento. Nada dura para sempre. Nós mesmos vamos envelhecendo, e vem a decrepitude. Nada é fácil. Não existe uma fórmula mágica para a vida. Casamentos se desfazem. As separações são sofridas. Filhos não vêm com bula. E é preciso aprender tudo. Uma aprendizagem que jamais termina, pois há novas lições todos os dias. Feliz de quem as aprende com a beleza bíblica da Sabedoria!

Em meio ao caos geral, à pandemia que arrasa o mundo, e ao anúncio do fim dos tempos, tenho tido contato com uma pessoa de dons especiais. Uma filha querida do Pai. Ela está lutando. Todos nós estamos lutando. Todos os dias. Você está lutando, tenho certeza. Lutarei ao seu lado. E terá sido uma grande honra!

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