26 de novembro de 2024

O que buscamos individual e coletivamente?

Por Denise Alves |
| Tempo de leitura: 3 min

A sensação de escassez, de vazio existencial e necessidade de preenchimento são aspectos existenciais e essenciais tão antigas quanto a civilização, e trazem consigo o fundamento de todas as buscas humanas desde que o mundo é mundo.

Dos possíveis caminhos seguidos pelas pessoas, consciente ou inconscientemente, podemos dizer que todos buscam suprir o que consideram sua escassez por meio de riquezas materiais (do mundo visível, concreto) ou imateriais (do mundo invisível), ou ambas.

Geralmente, dessas buscas surgem confusões, enganos, tramas e emaranhados familiares, lutas entre clãs e nações, o que vai resultando na construção de diferentes identidades e culturas que vão sendo estabelecidas pelas famosas “vitórias dos fortes”. A partir de tais dinâmicas são construídas a História e a Geografia humanas, em movimentos que são transmitidos por narrativas orais, pelas manifestações artísticas e posteriormente por textos escritos.

Desde tempos remotos quem conta a História são os que têm maior poder, vide impérios edificados como o de Roma, onde muito pouco restou dos povos vencidos, dos que sofreram a derrota física e moral de perderem suas vidas, famílias, e sua cultura. A História da evolução material também é a história do sofrimento humano.

Se olharmos o mundo de hoje, podemos perceber que a humanidade “evoluiu” bastante no domínio da matéria, ou seja, desenvolveu tecnologias e processos a partir da Ciência clássica aplicada, à custa do uso indiscriminado dos recursos naturais ocasionando extinção de espécies animais e vegetais e de vidas humanas.

Embora haja buscas por soluções mais humanizadas e ecológicas, os resultados podem não ser suficientes para manter nossa vida neste planeta se não houver uma abordagem sistêmica. Isso porque a evolução material sem a respectiva evolução moral e espiritual, resultou nos conflitos e exclusões, na falta de respeito pela presença do outro, principalmente o diferente, muitas vezes considerado menos evoluído, mesmo com grande riqueza cultural.

Exemplo disso são os povos nativos da África e das Américas, que ao contato com os europeus renascentistas foram massacrados, dizimados, e os que sobreviveram se esforçam pelo direito à dignidade, ao respeito com inclusão. Mas a História da humanidade é também a história de cada um de nós, hoje, dentro de nós. Vimos que na busca por riqueza e felicidade de um grupo dominante, geramos enquanto humanidade dor e sofrimento ao grupo dominado.

Quantas vezes entramos em conflito com os outros por acharmos que temos razão por estarmos “do lado certo”? Quantas vezes consideramos o outro menor, com menos razão, menos entendimento das coisas, menos conhecimento, e por isso o excluímos? Hoje vivemos uma situação de pandemia que fez emergir muito do sofrimento que se ocultava nas distrações do cotidiano.

Podemos aproveitar e olhar com humildade para a História com vontade de aprender com os erros do passado e fazer diferente daqui para frente, tanto individual quanto coletivamente. Um bom começo seria assumirmos que somos todos coparticipantes do enredo da novela humana que nos trouxe até aqui, e que tudo o que buscamos individualmente (saúde, dinheiro, paz, amor, felicidade) são riquezas coletivas compartilhadas, duráveis se integradas harmoniosamente com a Natureza como um todo.

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