O pintor José Ferraz de Almeida Junior, um dos mais prestigiados nomes da arte piracicabana, tem 58 obras na Pinacoteca do Estado de São Paulo, localizada na capital. É o maior conjunto de telas do ituano que fez carreira – e morreu – em Piracicaba na segunda metade do século 19. Mesmo com o espaço cultural fechado ao público durante a pandemia, Almeida Júnior continua prestigiado e é o artista que mais tem obras destacadas no projeto #Pinadecasa, que desde 19 de março publica uma obra no Instagram da Pinacoteca (@pinacotecasp).
Até o momento, Almeida Júnior foi revisado no #Pinadecasa com as obras Leitura (1892), que abriu o projeto, Saudade (1899) e Caipira picando fumo (1893).
‘Leitura’, contextualiza a curadoria da Pinacoteca, apresenta uma mulher que lê um livro em uma posição confortável, em um terraço aparentemente tranquilo e aconchegante. A moça é a única figura humana visível na tela, no entanto, próximo a ela há uma cadeira, onde está uma peça de roupa.
“Na época, a vestimenta era utilizada por homens ao saírem de suas casas. Ou seja, esse fato pode sugerir uma presença masculina na cena que, alguns especulam, poderia ser a do próprio artista. Sendo assim, esse seria também uma forma de autorretrato ‘ausente’, tipo de composição muito apreciado no período”, explicam.
Já ‘Saudade’ é apontada pela curadoria como “uma das obras favoritas do público da Pinacoteca”, produzida no último ano de vida do pintor - assassinado em 1899 a facadas por José de Almeida Sampaio, marido de Maria Laura do Amaral Gurgel, com quem Almeida supostamente teria um romance.
O sentimento de solidão e isolamento é intensificado pelo modo de retratar a cena. “Saudade faz parte do ciclo de pinturas de temática caipira. Almeida Júnior se notabilizou por essas cenas e esse sucesso foi muitas vezes atribuído ao fato do artista ter intimidade com o universo do campo, apesar de ter tido uma experiência de formação no Rio de Janeiro e na Europa”, explica a equipe da #Pinaaemcasa.
Outra classificada como “famosa” e “prediletas” dos visitantes, Caipira picando fumo, parte da chamada fase regionalista do artista paulista José Ferraz de Almeida Junior, foi postada no último sábado (2) e recebeu diversos comentários. “Perceba que as cores predominantes na imagem são as mesmas utilizadas para construir tanto o personagem como o ambiente em que ele está: o chão de terra batida, a parede de barro da casa e os troncos e tábuas de madeira têm as mesmas cores e tons da pele e roupas do caipira”, ressalta a curadoria.
Erick Tedesco