ARTIGO

Você só é livre quando faz o que não quer!

Por Júnior Ometto | 29/04/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Esta frase, título do meu artigo desta semana, é um presente de Immanuel Kant, um dos filósofos mais influentes da modernidade. Que sábio paradoxo! Vamos refletir sobre isso?

Qualquer um de nós, lendo isso, pode pensar o contrário, ou seja, liberdade é fazer o que se quer. Pois bem, aí está a raiz de um dos maiores problemas da humanidade: o não entendimento da grande diferença entre liberdade e livre arbítrio, com suas consequências, claro. Vou exemplificar didaticamente, utilizando um versículo bíblico, que está em 1 Coríntios 6:12: "Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada me domine”. A partir disso, tudo vai ficando mais claro e, como eu sempre digo, o conhecimento é poder quando colocado em prática e é requisito indispensável para qualquer mudança de comportamento.

O ser humano sofre por não conseguir se o dono de si mesmo. Quantos vícios, transtornos, doenças, procrastinação, baixa autoestima, emoções descontroladas e maléficas, infelicidade. Por isso a inteligência emocional vem ganhando tanta força atualmente, pois ela ensina sobre autodomínio, autoconfiança e, na raiz, sobre autoconhecimento, sendo hoje o principal auxílio da saúde mental / emocional.

A liberdade nos ganha pela facilidade, imediatismo, prazer, mas, ao mesmo tempo, nos insere na famosa zona de conforto, no medo de perder algo, no receio em dizer não, no aprisionamento em algum vício, nos atalhos, nas dificuldades com decisões, além de nos causar os mais diversos prejuízos (consequências) em relacionamentos, afetos, resultados, demissões, baixa qualidade de vida, sofrimento, além de nos fornecer recursos para um poderoso autoengano: A vitimização, a terceirização das responsabilidades e a reclamação. Aí fica bem mais fácil “lidar” com o nosso fracasso!

A maior vitória de um ser humano é o encontro consigo mesmo. Se isso ainda não aconteceu, não espere mais. Não lute sozinho. E entenda: desabafar ajuda, mas a opinião dos outros se baseia na história deles. Somos 8 bilhões no planeta e somos bem heterogêneos; cada um com sua história, seu dna e suas experiências e o que alguém pensa pode não servir para você.  Entenda também que alguns subterfúgios do mundo moderno como a vida editada nas redes sociais, a beleza física, a riqueza material em forma de escravidão, a superficialidade e tanta influência externa nunca irão resolver essa questão estrutural básica que estamos tratando aqui. Por esses e tantos outros motivos que a Terapia está provando, cada vez mais, ser uma fonte extremamente benéfica e eficaz de ajuda, profissional.

O grande dilema do tema de hoje é que a dor de sermos prisioneiros de nossas próprias armadilhas será sempre maior do que a de correr riscos e respeitar nossos (reais) desejos e necessidades. Por isso que, para o filósofo Sócrates, livre é a pessoa que consegue ter domínio sobre seus pensamentos e sentimentos. A consequência disso? Comportamento.

Não mudamos o que não conhecemos... estamos no auge da tecnologia. Nos últimos sessenta anos avançamos mais do que em toda a história do Planeta, entretanto, nos conhecemos cada vez menos. Conhecemos cada vez menos dessa “máquina” incrível que se chama cérebro. É nele que nossa mente trabalha e é através do conhecimento dela que nos dominamos e protagonizamos nossa existência, mas, infelizmente, esse foco é dado apenas por uma minoria, que, consequentemente, vive bem melhor, em todos os sentidos.

Quanto mais nos desenvolvemos emocionalmente, menos escravos somos de nós mesmos.

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2 COMENTÁRIOS

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  • isaque costa
    29/05/2023
    muito ao que pessar... ou não. (rs) interessantissimo este artigo, parabéns pelas colocações
  • Pedro Fernandes
    10/05/2023
    Apenas quero agradecer a partilha que fez. Não tenho por hábito comentar, no entanto, decidi tirar uns minutinhos para dar esta singela parabenização pelo seu contributo à reflexão. Um belissimo artigo!