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31 de março de 2023

COM A BOLA TODA

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Elas driblaram preconceito e o machismo e brilham no futebol com escudo da CBF

Elas driblaram preconceito e o machismo e brilham no futebol com escudo da CBF

As duas jovens sonham com uma carreira de sucesso na arbitragem para, quem sabe, chegar a uma Copa do Mundo ou Olimpíada

As duas jovens sonham com uma carreira de sucesso na arbitragem para, quem sabe, chegar a uma Copa do Mundo ou Olimpíada

Por Erivan Monteiro | 10/03/2023 | Tempo de leitura: 5 min
erivan.monteiro@jpjornal.com.br

Por Erivan Monteiro
erivan.monteiro@jpjornal.com.br

10/03/2023 - Tempo de leitura: 5 min

Fotos – Divulgação

A americanense Isabele: ‘Após o primeiro contato, eu literalmente me apaixonei’

A piracicabana Juliana Vicentin Esteves e a americanense Isabele de Oliveira, ambas com 27 anos, superaram o preconceito e o machismo e brilham como árbitras-assistentes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). As duas jovens sonham com uma carreira de sucesso na arbitragem para, quem sabe, chegar a uma Copa do Mundo ou Olimpíada. Porém, a meta da dupla, a curto prazo, é a elite do futebol paulista e brasileiro.

Juliana e Isabele começaram na arbitragem em jogos amadores na Noiva da Colina depois de completarem o curso da Associação de Árbitros de Piracicaba e Região (AAPR). Após a experiência em Piracicaba, elas tomaram gosto pela arbitragem e se especializaram nos cursos da FPF (Federação Paulista de Futebol), onde também iniciaram suas carreiras como assistentes.

“Sempre fui apaixonada por futebol e assistia aos jogos no estádio com o meu pai. Sabia que queria estar envolvida naquilo de alguma forma e quando conheci a arbitragem, já no primeiro jogo percebi que era aquilo que eu queria fazer”, conta Juliana, que mora na Vila Industrial e é formada em Gestão Empresarial pela Fatec Piracicaba.

Juliana entrou no quadro da FPF na turma 2017/18 e foi indicada à CBF em 2021. Atualmente, trabalha em jogos da Série A1 do Brasileiro Feminino e, nesse ano, teve a oportunidade de atuar em partidas das séries A2 e A3 do Campeonato Paulista.

“O meu primeiro curso de arbitragem foi em 2015, na Associação de Árbitros de Piracicaba. Trabalhava em jogos amadores em Piracicaba e em cidades vizinhas. Em 2017, me matriculei no curso da FPF, passei por provas teóricas e físicas para poder trabalhar nas categorias de base, desde o sub 11/13. E sigo assim até hoje, com provas, testes e jogos para evoluir dentro da carreira e seguir sendo indicada a cada ano para o quadro nacional”, conta a piracicabana.

A americanense Isabele seguiu praticamente o mesmo roteiro. Após jogar basquete e morar por um período em Piracicaba, ela conheceu a arbitragem e tomou gosto pelo ofício. “Após o primeiro contato que tive, eu literalmente me apaixonei”, conta Isabele, que é formada em Pedagogia. Ela está no quadro da CBF há três anos (começou em 2021). “Ainda não tive o privilégio de fazer um jogo da Série A, mas estou trabalhando muito para isso”.

A assistente conta que, em 2020, durante o pico da pandemia, não havia jogos para fazer e, então, ela decidiu se candidatar a vereadora. Com isso, ficou fora do quadro por cerca de um ano. A volta aconteceria em 2021, quando “sobraram” alguns escudos da CBF para as mulheres. “Eu fui uma das únicas que passaram no teste físico naquele momento. Além da minha capacidade, eu tive sorte, porque ficar um ano fora do quadro e ter a honra de ganhar o escudo da CBF foi Deus, sorte e capacidade”.

Com as carreiras se consolidando, o sonho de uma competição do nível de uma Copa do Mundo ou Olimpíada é possível, apesar ainda de distante, na visão das duas. “Eu planejo a minha vida profissional em metas. Ainda está longe. O árbitro vive de jogo após jogo. A gente disputa com o mundo inteiro, mas não é impossível”, diz Isabele. “Com certeza! A dedicação para se atingir esse patamar é enorme, mas sem dúvidas é um sonho e um objetivo para se trabalhar e buscar até onde for possível”, completa Juliana.

PRECONCEITO

Quando o assunto é preconceito contra a mulher, Juliana Vicentin Esteves e Isabele de Oliveira são unânimes em afirmar que sofreram e ainda sofrem muitas situações lamentáveis durante os jogos, principalmente por parte da torcida. Porém, elas contam que essa condição vem melhorando nos últimos anos e as mulheres têm conquistado, aos poucos, o seu espaço no futebol.

“Eu fico mais chateada por conta da torcida. Ela fala coisas absurdas, de verdade! Coisas humilhantes. Já ouvi também de jogadores da várzea. Profissional não. Se eles falaram eu não ouvi”, diz Isabele, que relatou em seguida algo inadmissível, ainda mais quando de se trata de uma mulher: “Já fui agredida em campo de futebol, por um homem, em Piracicaba, em um campeonato de veterano”, lembra, com tristeza.

“Ouvimos muitas piadinhas sem graça, assim como passamos por situações que homens não passariam, sem dúvidas”, assegura Juliana. “Porém, estamos ali para realizar o trabalho que amamos e não podemos deixar que isso influencie de maneira alguma. Mantemos sempre a postura, com muita educação e firmeza”, completa.

Apesar de todas essas dificuldades, as mulheres têm virado esse jogo com competência e muito profissionalismo dentro das quatro linhas, garantem as assistentes. “Isso vem mudando por que as comissões da Federação e da CBF confiam no nosso trabalho, na nossa capacidade, como qualquer outro homem. Então, essa parte de ficar associando o sexo na hora definir quem é melhor ou pior já caiu por terra”, declarou Isabele.

“Já tivemos uma grande evolução. Quando conversamos com árbitras mais experientes percebemos isso. Nós, mulheres, ainda estamos em minoria. Então, que cada vez mais mulheres ocupem espaços majoritariamente ocupados por homens, para que assim se torne algo natural para a sociedade”, finaliza Juliana.

MUITO SUCESSO

A pedido da reportagem do Jornal de Piracicaba, o atual presidente da Associação de Árbitros de Piracicaba e Região (AAPR), Renato Canadinho, falou sobre a dupla:

“Sobre a Juliana, eu tive a oportunidade de avaliar no seu 1° jogo tanto como árbitra como árbitra assistente. Demonstrou grandes qualidades e se destacou muito rapidamente como assistente. Tenho certeza que muito em breve estará atuando na elite do Futebol de São Paulo”, analisou.

“Já a Isabele, tem um diferencial, que é a sua capacidade física e isso ajuda muito. Inclusive, no início da carreira e já formada pela AAPR, ela saía de Americana duas ou três vezes por semana para treinar comigo no Barão da Serra Negra. Sempre muito dedicada e com um potencial fantástico. Quando chegar na elite do futebol de São Paulo, não sai mais”, disse Canadinho.

A piracicabana Juliana: ‘No primeiro jogo percebi que era o que eu queria fazer’

A piracicabana Juliana Vicentin Esteves e a americanense Isabele de Oliveira, ambas com 27 anos, superaram o preconceito e o machismo e brilham como árbitras-assistentes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). As duas jovens sonham com uma carreira de sucesso na arbitragem para, quem sabe, chegar a uma Copa do Mundo ou Olimpíada. Porém, a meta da dupla, a curto prazo, é a elite do futebol paulista e brasileiro.

Juliana e Isabele começaram na arbitragem em jogos amadores na Noiva da Colina depois de completarem o curso da Associação de Árbitros de Piracicaba e Região (AAPR). Após a experiência em Piracicaba, elas tomaram gosto pela arbitragem e se especializaram nos cursos da FPF (Federação Paulista de Futebol), onde também iniciaram suas carreiras como assistentes.

“Sempre fui apaixonada por futebol e assistia aos jogos no estádio com o meu pai. Sabia que queria estar envolvida naquilo de alguma forma e quando conheci a arbitragem, já no primeiro jogo percebi que era aquilo que eu queria fazer”, conta Juliana, que mora na Vila Industrial e é formada em Gestão Empresarial pela Fatec Piracicaba.

Juliana entrou no quadro da FPF na turma 2017/18 e foi indicada à CBF em 2021. Atualmente, trabalha em jogos da Série A1 do Brasileiro Feminino e, nesse ano, teve a oportunidade de atuar em partidas das séries A2 e A3 do Campeonato Paulista.

“O meu primeiro curso de arbitragem foi em 2015, na Associação de Árbitros de Piracicaba. Trabalhava em jogos amadores em Piracicaba e em cidades vizinhas. Em 2017, me matriculei no curso da FPF, passei por provas teóricas e físicas para poder trabalhar nas categorias de base, desde o sub 11/13. E sigo assim até hoje, com provas, testes e jogos para evoluir dentro da carreira e seguir sendo indicada a cada ano para o quadro nacional”, conta a piracicabana.

A americanense Isabele seguiu praticamente o mesmo roteiro. Após jogar basquete e morar por um período em Piracicaba, ela conheceu a arbitragem e tomou gosto pelo ofício. “Após o primeiro contato que tive, eu literalmente me apaixonei”, conta Isabele, que é formada em Pedagogia. Ela está no quadro da CBF há três anos (começou em 2021). “Ainda não tive o privilégio de fazer um jogo da Série A, mas estou trabalhando muito para isso”.

A assistente conta que, em 2020, durante o pico da pandemia, não havia jogos para fazer e, então, ela decidiu se candidatar a vereadora. Com isso, ficou fora do quadro por cerca de um ano. A volta aconteceria em 2021, quando “sobraram” alguns escudos da CBF para as mulheres. “Eu fui uma das únicas que passaram no teste físico naquele momento. Além da minha capacidade, eu tive sorte, porque ficar um ano fora do quadro e ter a honra de ganhar o escudo da CBF foi Deus, sorte e capacidade”.

Com as carreiras se consolidando, o sonho de uma competição do nível de uma Copa do Mundo ou Olimpíada é possível, apesar ainda de distante, na visão das duas. “Eu planejo a minha vida profissional em metas. Ainda está longe. O árbitro vive de jogo após jogo. A gente disputa com o mundo inteiro, mas não é impossível”, diz Isabele. “Com certeza! A dedicação para se atingir esse patamar é enorme, mas sem dúvidas é um sonho e um objetivo para se trabalhar e buscar até onde for possível”, completa Juliana.

PRECONCEITO

Quando o assunto é preconceito contra a mulher, Juliana Vicentin Esteves e Isabele de Oliveira são unânimes em afirmar que sofreram e ainda sofrem muitas situações lamentáveis durante os jogos, principalmente por parte da torcida. Porém, elas contam que essa condição vem melhorando nos últimos anos e as mulheres têm conquistado, aos poucos, o seu espaço no futebol.

“Eu fico mais chateada por conta da torcida. Ela fala coisas absurdas, de verdade! Coisas humilhantes. Já ouvi também de jogadores da várzea. Profissional não. Se eles falaram eu não ouvi”, diz Isabele, que relatou em seguida algo inadmissível, ainda mais quando de se trata de uma mulher: “Já fui agredida em campo de futebol, por um homem, em Piracicaba, em um campeonato de veterano”, lembra, com tristeza.

“Ouvimos muitas piadinhas sem graça, assim como passamos por situações que homens não passariam, sem dúvidas”, assegura Juliana. “Porém, estamos ali para realizar o trabalho que amamos e não podemos deixar que isso influencie de maneira alguma. Mantemos sempre a postura, com muita educação e firmeza”, completa.

Apesar de todas essas dificuldades, as mulheres têm virado esse jogo com competência e muito profissionalismo dentro das quatro linhas, garantem as assistentes. “Isso vem mudando por que as comissões da Federação e da CBF confiam no nosso trabalho, na nossa capacidade, como qualquer outro homem. Então, essa parte de ficar associando o sexo na hora definir quem é melhor ou pior já caiu por terra”, declarou Isabele.

“Já tivemos uma grande evolução. Quando conversamos com árbitras mais experientes percebemos isso. Nós, mulheres, ainda estamos em minoria. Então, que cada vez mais mulheres ocupem espaços majoritariamente ocupados por homens, para que assim se torne algo natural para a sociedade”, finaliza Juliana.

MUITO SUCESSO

A pedido da reportagem do Jornal de Piracicaba, o atual presidente da Associação de Árbitros de Piracicaba e Região (AAPR), Renato Canadinho, falou sobre a dupla:

“Sobre a Juliana, eu tive a oportunidade de avaliar no seu 1° jogo tanto como árbitra como árbitra assistente. Demonstrou grandes qualidades e se destacou muito rapidamente como assistente. Tenho certeza que muito em breve estará atuando na elite do Futebol de São Paulo”, analisou.

“Já a Isabele, tem um diferencial, que é a sua capacidade física e isso ajuda muito. Inclusive, no início da carreira e já formada pela AAPR, ela saía de Americana duas ou três vezes por semana para treinar comigo no Barão da Serra Negra. Sempre muito dedicada e com um potencial fantástico. Quando chegar na elite do futebol de São Paulo, não sai mais”, disse Canadinho.

A piracicabana Juliana: ‘No primeiro jogo percebi que era o que eu queria fazer’

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