21 de novembro de 2024
Filipe Rosa

Pirâmide bonita só no Egito

Por Filipe Rosa, sócio da Capitólio Investimentos e fundador da ComCiência Educacional @sejacomciencia |
| Tempo de leitura: 2 min
Pirâmide

Quéops, Quéfren e Miquerinos ficariam inquietos em suas tumbas se soubessem como o termo "pirâmide" é usado no Mercado Financeiro atualmente. Não tem nada de majestoso nem bonito.

O termo "pirâmide" é utilizado para se referir a uma operação fraudulenta, que, invariavelmente, provoca perdas financeiras às pessoas que a ela aderem. O inventor desse tipo de golpe se chamava Charles Ponzi, italiano que emigrou para os EUA no início do século XX e se consagrou como um dos maiores trapaceiros da história.

Basicamente, um esquema de pirâmide sustenta os participantes mais antigos com o dinheiro de entrada dos mais novos. Não existe um ativo objeto real de investimento e expressões como "alta rentabilidade garantida" e "zero risco" quase sempre estão presentes.

Imagine que alguém decide levantar um Esquema de Pirâmide, ou Esquema Ponzi, da seguinte forma: em troca de um aporte inicial é prometida uma alta rentabilidade de, por exemplo, 50% após 90 dias. Em que o capital seria investido para gerar esse retorno? Em nada. Durante esses 90 dias, com a mesma promessa feita ao primeiro investidor, esse indivíduo vai juntando cada vez mais capital. Com o dinheiro do último a entrar após os 90 dias ele paga o primeiro participante e assim sucessivamente.

O que acontece quando os novos investidores param de chegar? Ou quando alguém que já está dentro do esquema precisa de um resgate? A engrenagem para de rodar e tudo vira pó.

Pode parecer um pouco óbvio que uma promessa dessa natureza soe errônea, mas quando você se imagina com retornos dessa magnitude e ouve de outras pessoas que "dá certo mesmo, funciona bem", até os céticos balançam.

A maior prova de que ninguém está a salvo de cair em um Esquema Ponzi, mesmo hoje em dia, é o caso Bernard Madoff, ex-presidente da NASDAQ e responsável pela maior fraude financeira da história dos EUA, quiçá da própria Humanidade.

Nunca ouviu falar nesse caso? Fica minha sugestão para o seu próximo fim de semana, o filme: O Mago das Mentiras (Wizard of Lies), 2017. Esse é o filme da história real de Bernard Madoff.

A melhor vacina contra esquemas financeiros fraudulentos é lembrar o seguinte: RISCO, RETORNO e LIQUIDEZ. Somente dois desses três podem ser favoráveis simultaneamente. Nunca os três.