15 de julho de 2025
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Dica OVALE - Cultura

Dica OVALE: Ilhabela terá exposição fotográfica sobre a história da rua Helvétia, a 'Cracolândia'

Por Patrick C. Santos |
| Tempo de leitura: 3 min
Capa da Notícia
Em sua concepção, a amostra promete reunir uma iconografia vinda de diferentes acervos documentais, como os do Instituto Moreira Salles, da Fundação Energia e Saneamento e da Casa da Imagem, além de registros fotojornalísticos contemporâneos

No Centro da cidade de São Paulo, nos primeiros anos do século XX, uma bomba explodiu na rua Helvétia, onde a Cracolândia se instaurou anos mais tarde, e gerou a Revolução Paulista de 1924, também conhecida como 'A Revolução que São Paulo esqueceu' -- um levante tenentista duramente reprimido pelas tropas fiéis ao governo da época.

Após quase um mês de bombardeios, onde os alvos eram principalmente civis, algumas pessoas comemoravam a vitória ligada à legalidade e o sufoco do motim.

Um século mais tarde, sob a justificativa de manter vigente a mesma legalidade, muitas outras bombas, reais e simbólicas, têm explodido sobre aquele mesmo território, impactando principalmente os mais vulneráveis em quesitos monetários, psicológicos e infraestruturais.

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A partir do dia 3 de junho, o Centro Cultural Waldemar Belisário, localizado no Centro de Ilhabela, abre a exposição 'Sob Ataque' em referência ao movimento de 1924. Idealizada pelo Coletivo Garapa e realizada com apoio do Proac de São Paulo, a iniciativa cultural se debruça sobre o território hoje conhecido como 'Cracolândia', em São Paulo.

O projeto mapeia, a partir da fotografia do imóvel da rua Helvétia, número 2, bombardeado durante a Revolução, outras explosões e eventos de violência ocorridos naquele espaço desde então. No total, a exposição é composta por 24 imagens.

O coletivo, que tem reconhecida produção fotográfica nos campos das artes visuais e do 'documentarismo', empregará um misto de técnicas e abordagens, utilizando desde a coleta de material imagético histórico até a criação de imagens fotográficas sobre o território em foco.

Na abertura, haverá visita guiada com os artistas envolvidos no processo de criação da mostra. 

Em sua concepção, a amostra promete reunir uma iconografia vinda de diferentes acervos documentais, como os do Instituto Moreira Salles, da Fundação Energia e Saneamento e da Casa da Imagem, além de registros fotojornalísticos contemporâneos.

Entre as imagens de arquivo, duas parecem se destacar de modo especial: são reproduções de um postal de Gustavo Prugner, de 1924, e do panorama de Valério Vieira, de 1922, com 5 metros de comprimento.

Além destas imagens, fazem parte da exposição um conjunto de fotografias criadas pelo Coletivo Garapa -- baseadas na encenação de explosões na região --, registros históricos sem autoria declarada e também imagens de fotojornalistas contemporâneos.

Período e localização

A exposição será aberta a partir das 18h do próximo dia 3, ficando na cidade até o próximo dia 19 de junho.

De segunda a quinta-feira, o horário de visitação é das 9h às 20h. Aos sábados, domingos e feriados, o horário é das 9h às 21h.

O Centro Cultural do município fica na r. da Padroeira, no número 140.

Organização

Ao revirar o passado, 'Sob Ataque' busca mostrar os cumulativos de conflitos ocorridos ao longo do tempo. De acordo com a organização, a ideia é fazer uma leitura transversal sobre as tensões, de forma que um parâmetro seja traçado entre o século passado e a contemporaneidade.

Paulo Fehlauer e Rodrigo Marcondes compõem a coordenadoria do Coletivo Garapa. Desde 2008, ambos desenvolvem uma trajetória criativa que propõe tensionar as fronteiras entre o documentário e as artes visuais, explorando o contato entre a fotografia, o vídeo, o arquivo e a literatura.

Juntos, desenvolvem um reconhecido trabalho de pesquisa autoral, buscando em eventos históricos e contemporâneos, na paisagem física e humana, os elementos para a construção de narrativas complexas e multifacetadas, resultando em um trabalho artístico e político.

Paulo Fehlauer diz que “a proposta é de exercitar um olhar ambíguo e dialético sobre essas explosões que, ao longo do tempo, ajudaram e ajudam a moldar não apenas a geografia do território, mas, também, as suas dinâmicas históricas e sociais". "Um território cuja alcunha pejorativa -- Cracolândia -- disfarça a complexidade das relações e dos conflitos que se entranham no tempo e no espaço, confinando-as a uma leitura presumidamente unívoca", finaliza.