O episódio do contrato de aluguel de impressoras pela Câmara de Taubaté, concluído recentemente, é mais um triste caso em que o dinheiro público é tratado com descaso, sem transparência e visando satisfazer interesses políticos.
Em seu papel de fiscalizar, o jornal tem feito desde maio diversas reportagens sobre o tema. Até agora, o presidente do Legislativo, vereador Diego Fonseca (PSDB), não foi capaz de responder ao principal questionamento do caso: por que, das 378 mil páginas que serão impressas em 12 meses, 252 mil devem ser coloridas? Isso quer dizer que, a cada três páginas impressas, duas serão coloridas.
Essa definição tem um grande impacto no bolso do contribuinte. Graças a ela, a Câmara irá pagar, em média, R$ 0,44 a cada página impressa. Se a impressão de todas fosse monocromática (em preto), cada unidade custaria R$ 0,06. Já cada página colorida custa R$ 0,64. Ou seja, dos R$ 168 mil que serão gastos, R$ 161 mil são para as impressões coloridas. E R$ 7 mil para monocromática. Para efeito de comparação, a prefeitura prevê a impressão de 4,976 milhões de páginas no mesmo período, sendo apenas 18 mil coloridas.
Na prefeitura, as impressões coloridas serão destinadas apenas para o resultado de exames de saúde. Na Câmara, o presidente da Casa acha que o contribuinte não tem o direito de saber por que optaram por um número tão alto.
O caso fica ainda mais estranho quando se leva em consideração que, desde 2016, o Legislativo não imprime mais os processos em tramitação - projetos, requerimentos e moções são digitalizados.
Nos bastidores da Câmara, servidores e vereadores ouvidos sob a condição de anonimato dizem que o principal uso das impressões coloridas é para materiais de "prestação de contas", que os parlamentares distribuem pela cidade.
Em ano em que muitos dos vereadores serão candidatos a deputado, inclusive o próprio Diego Fonseca, talvez isso ajude a explicar o desejo pelas páginas coloridas.
Mais uma vez, nossos políticos deixam uma péssima impressão..