A previsão, como é comum para aquela localidade, é sombria. As próximas semanas tendem a ser marcadas por mais um show de horrores e de desfaçatez em Brasília.
Na baciada das reformas que vêm sendo votadas por um Congresso sem qualquer legitimidade, a da vez é a política.
Assim como todas as outras reformas em discussão, essa também é necessária. Mas o problema se repete: como no caso da trabalhista e da previdenciária, o texto final não deve contemplar os anseios da população comum, e sim o de grupos já bastante privilegiados em nossa sociedade.
No caso da reforma política, há um detalhe diferente: ela tem prazo para ser votada. Pelo bem do Brasil? Não, por desespero dos políticos mesmo. O objetivo é aprová-la até o fim de setembro, para que as novas regras possam valer já para as eleições de 2018.
As últimas semanas já foram um aperitivo do que vem por aí. O objetivo único em Brasília parece ser garantir a sobrevivência no ano que vem.
É fácil entender o que se passa na cabeça dos nossos congressistas: em meio a uma crise generalizada de credibilidade, nomes envolvidos em denúncias de corrupção ou em votações polêmicas sabem que, se nada mudar, há grande chance de não serem reeleitos.
Com isso, começam a surgir propostas absurdas. Uma delas é o do distritão, que aparentemente tem como único mérito acabar com o tal do efeito Tiririca, em que um candidato bem votado beneficia vários outros. Na prática, esse sistema privilegiaria os caciques dos partidos, favorecendo campanhas caras e prejudicando minorias e nomes de fora das capitais.
Outra proposta tem relação com o fundo partidário, que nada mais é do que dinheiro público usado em campanhas. Inicialmente, a ideia era reduzi-lo aos poucos. Agora, querem valor fixo: R$ 3,6 bilhões.
Agora pense: se um congressista, em transmissão ao vivo para todo o Brasil, decide ignorar um caso grave de corrupção em troca de liberação de emendas, o que ele será capaz de fazer em troca da própria sobrevivência?.