Em setembro de 2015, quando já ensaiava o rompimento com a então presidente Dilma Rousseff (PT), o -- à época -- vice-presidente Michel Temer (PMDB) disse a empresários que era difícil a petista resistir no poder com uma popularidade tão baixa.
Depois disso vieram o rompimento oficial, o afastamento temporário de Dilma, o governo provisório de Temer, o impeachment da petista e a efetivação do peemedebista.
Durante todo esse processo, uma coisa não mudou: a aprovação de Temer é baixíssima, atingindo até patamares piores que o de sua sucessora.
Partindo da premissa de que a avaliação de Temer estava certa, o que mudou? O que justifica o peemedebista se manter no poder, enquanto Dilma foi tirada dele?
Podemos eliminar fatores comuns nos dois governos, como a corrupção generalizada e a economia em baixa.
A diferença parece estar em quem sustenta (leia-se: 'quem está feliz com') Temer no poder. E quem é esse grupo? Ora, basta ver o que Temer tem prometido: um governo marcado por reformas.
A contragosto de grande parcela da população, esse governo tem tentando enfiar goela abaixo mudanças na legislação trabalhista e no sistema previdenciário. Alterações que não contemplam os anseios dos que mais precisam do Estado, mas sim de um grupo dominante -- não em número, mas em poder e riqueza.
E qual o problema disso? Sempre que essas propostas foram discutidas no momento certo -- nas urnas, ora bolas --, foram rejeitadas. Isso quando os políticos tiveram coragem de defendê-las. Normalmente, dizem que vão tomar 'medidas impopulares', sem entrar em detalhes.
Dias atrás, numa discussão sobre o tema na TV, vi uma analista dizendo que, então, o povo tem errado muito em suas escolhas. Mas quem decide isso? Por acaso criaram um grupo seleto, que se reúne para definir se a pretensa democracia será levada adiante ou se vão mandar às favas o voto dos eleitores?
Aprendemos que, dependendo de quem te apoia, 10% de popularidade são suficientes para ignorar o resto do país..