'Só sei que nada sei'. A famosa frase do filósofo grego Sócrates, para muitos, significa o reconhecimento da própria ignorância do autor. Vivendo no século 4 a.C., é até hoje uma das principais referências da filosofia. E que inspirou o pensamento ocidental. A ciência filosófica, que para muitos remente apenas à Grécia Antiga, ganhou fôlego e importância nos tempos atuais.
Ainda mais agora, em dias de quarentena por conta da pandemia do novo coronavírus, o pensamento crítico e reflexivo ficou mais forte. E filósofos importantes da atualidade ganham espaço justamente através de um instrumento bastante moderno: a tecnologia.
Leandro Karnal, Mário Sérgio Cortella e Luiz Felipe Pondé são hoje considerados três dos principais filósofos brasileiros, conquistando popularidade na internet, nas redes sociais.
Pode-se dizer que hoje a filosofia ganhou um conceito 'pop' para a nova geração.
Outro ponto: o aumento na busca por reflexões filosóficas durante a pandemia tem sido bastante notado. Afinal, a filosofia é a reflexão do homem sobre si próprio. As pessoas estão cada vez mais refletindo sobre si mesmo.
E esta filosofia está se adaptando às ferramentas disponíveis nos dias atuais -- as redes sociais como Instagram e Facebook serviram como mola propulsora para estes nomes da atualidade.
Leandro Karnal, por exemplo, vai fazer parte de um 'Talk Show', na recém-fundada emissora CNN Brasil.
EXISTÊNCIA.
Para o professor doutor Cesar Augusto Eugenio, da Unitau (Universidade de Taubaté), é muito interessante considerar que o ser humano, "independente de que momento na história, sempre buscou respostas para aquelas perguntas mais universais".
"Quer dizer que todo homem, independente da época, do seu lugar na sociedade, sua classe social, suas condições, de alguma maneira, em algum momento da sua vida, se perguntou: de onde vim? Para onde vou? O que faço aqui? A vida tem um sentido? Tem uma lógica?", ressalta o especialista.
Para ele, ao procurar a filosofia, o ser humano busca a própria compreensão.
“Mais do que apenas buscar respostas para o medo da condição de apocalipse, há também a tentativa do ser humano de confirmar o que pensa. É um encontro de sujeitos, numa busca pelo conhecimento filosófico em tempos de pandemia se dá tanto pelas tentativas de buscar respostas pelo que ainda não consegui pensar, como pelo aquilo que já pensei", afirma Eugenio.
De acordo com ele, a pandemia reforça a busca por respostas. "Toda a vez que o ser humano sente a sua existência ameaçada e, sobretudo, perceber a finitude de sua vida como condição biológica e terrena, vai, em meio à crise, se tornar mais crítico, criativo e necessariamente mais filosófico", diz.
O professor doutor da Unitau ainda destaca a importância da atuação dos filósofos da atualidade, especialmente em relação ao aproveitamento das redes sociais.
“Os grandes pensadores atuais que se tornaram personalidades midiáticas têm utilizados desse espaço democrático, que são as redes sociais, para tornar acessível e para difundir reflexões de cunho sociológico, histórico, filosóficos", afirma Eugenio.
“Vejo neles sujeitos que têm aproveitado na conquista de um espaço nos mais diversos veículos de comunicação, para contribuir com uma reflexão em um momento de mortes das ideologias. Isso é bem interessante", ressalta.
Outro ponto destacado é a busca por um líder que seja um herói, que resolva os problemas. "Nós vivemos um momento em que as ideologias morreram. Hoje, os líderes são líderes pelos quais as pessoas têm uma relação passional, de paixão, é a cultura do herói. Então, quando as pessoas votam neste ou naquele, é por acreditar que ele, a pessoa, vai resolver todos os meus problemas".
“Em uma grande crise da racionalidade, esses pensadores têm cumprido papel de formadores de opiniões muito interessante, significativa, pois eles proporcionam, dentro de certos limites, uma reflexão crítica que está em extinção", afirma o professor.