Em agosto de 1999, a mais alta corte de um país latino americano se autodissolveu, acossada pelos ataques de um presidente de origem militar. Em 2004, um relatório da Human Rights Watch acusou esse mesmo presidente de ataques sistemáticos ao Judiciário.
Quem adivinhar ganha um doce...
Os ataques de Jair Bolsonaro ao Judiciário não têm precedentes na história da democracia brasileira, mas encontram eco na vizinha Venezuela, destroçada pelo autoritarismo de Chávez e Maduro.
No Brasil, nem mesmo os presidentes mais autoritários da República Velha, como Floriano Peixoto ou Hermes da Fonseca, ousaram afrontar os tribunais.
Desde o restabelecimento do regime democrático e a Constituição de 1988, o Judiciário tem sido fundamental para preservar as instituições e a democracia brasileiras. Com Bolsonaro, no entanto, chegamos a “oto patamar”, o patamar venezuelano de Hugo Chávez e Nicolás Maduro.
Quando Bolsonaro diz que “vai chegar a hora” do ministro do STF Alexandre de Moraes, o que ele faz é incitar apoio a um golpe de Estado. Quando o capitão Cloroquina ameaça diretamente o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, a sombra de Hugo Chávez paira sobre toda as instituições brasileiras, ameaçadas por um grupelho ideológico que se apoderou do Palácio do Planalto.
O capitão reformado Jair Bolsonaro e o tenente Hugo Chávez são iguais e representam, cada um a seu tempo, o que há de pior na política latino-americana. Populistas, demagogos, não respeitam as instituições, não sabem o valor da democracia.
O golpe de Bolsonaro contra o Judiciário e contra as eleições tem o respaldo do Centrão. Hoje, os quase 300 picaretas que integram esse bloco parlamentar comemoram os mais de R$ 40 bilhões em emendas, o controle da Casa Civil, as sinecuras da Codevasf e o fundão eleitoral de mais de R$ 5 bilhões. Mas cuma? Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão, não era isso?
O que realmente importa: será que o Brasil democrático vai resistir a essa aliança do mal?
Notas:
Turbilhão
Só se fala disso nos bastidores da política de São José: o prefeito Ramuth pode deixar o cargo para se candidatar em 2022.
Será que vai?
Ramuth sonha com o cargo de vice de Alckmin, que está prometido para Márcio França ou Paulo Skaf. É improvável.
Prefeitando
Ninguém duvida, no entanto, que Ramuth planeja voos mais altos. E não é à toa que o vice Anderson já está “prefeitando”.