07 de janeiro de 2025
Especial

Redes sociais ajudam cientistas a compartilharem conhecimento com o público

Por Matheus Andrade |
| Tempo de leitura: 4 min
Legenda. legenda

Se antigamente era trabalhoso encontrar uma receita de bolo, uma explicação médica ou alguma curiosidade sobre ciência, hoje esse mesmo material pode ser encontrado em poucos segundos. O motivo é simples: a internet. Beneficiar-se dela é mais do que uma tendência, e sim uma estratégia de muitas instituições para ampliar o acesso ao seu conteúdo por meio de um relacionamento com seu público, uso de hashtags, humanização da marca e criação de conteúdo.

Prova disso são as redes sociais da GMT Brasil, por exemplo. Mais do que apenas uma 'vitrine' para expor a construção do que será o maior telescópio do mundo, o perfil trata-se de uma verdadeira fonte de conhecimento e interatividade, utilizando uma linguagem simples, visual e com design facilitador.

"A maioria dos estudos sobre ciência utilizam termos técnicos. O principal desafio é fazer a tradução desse conhecimento para uma linguagem não acadêmica", disse a cinegrafista do projeto, Nacarô Serapião, estudante da Univap (Universidade do Vale do Paraíba).

Dentre as estratégias usadas pela GMT Brasil, está a de criar conexão com o público. "As pessoas têm um grande interesse em ciência quando ela é ensinada em forma de curiosidade. Aliá-la com coisas que estão no dia a dia das pessoas desperta interesse. É como se ela visse aquilo sendo aplicado na vida dela", conta Nacarô.

Na prática, as redes sociais da GMT Brasil são repletas de imagens com forte apelo estético e visual, vídeos com locuções dinâmicas, fotografias de bastidores, enquetes e até mesmo as chamadas "trends", que são tendências da internet, como memes.

"Antigamente havia um domínio da televisão e era por ela que a maior parte dos conteúdos chegavam ao público. Na TV comercial, a ciência não tinha muito espaço. Mas a internet democratizou essa divulgação, pois hoje qualquer pessoa pode criar um blog ou um site para divulgar seus estudos e projetos", disse a cinegrafista.

Meme publicado nas redes sociais do GMT

HUMOR.

Uma pesquisa divulgada recentemente pela Globosat em parceria com a Consumoteca constatou que 85% dos internautas brasileiros interagem com memes na internet, o que promove um percentual de engajamento de 95% entre jovens de 16 a 29 anos. Quem tirou proveito disso foi Renato Guimarães, criador da página ConheCiência, que já atinge a marca de 407 mil seguidores no Instagram.

“O humor, tirinhas e memes têm sido fundamentais como uma ferramenta de engajamento. Nosso foco, de início, era ter uma postura mais centrada e dirigida; porém, quem não quer ver o experimento mental do Gato de Schrödinger ilustrado com seus próprios memes, né!?”, disse.

Renato também concorda que a internet facilita a informação. “O conhecimento produzido nas universidades não pode e não deve ficar retido nelas. Em nossa página surgem vários debates nos comentários e é fantástico observar e poder fazer parte deste processo”.

INFORMAÇÃO.

Esse humor alinhado com informação é o que chama a atenção de Gabriel Kondo, de 24 anos.

“Antes me informava por meio de revistas, mas hoje através do Facebook principalmente. Acompanho páginas famosas e a todo momento elas postam conteúdos. Também uso bastante o YouTube, pois existem muitos canais que criam vídeos com linguagem fácil e divertida”, contou Gabriel.

Para ele, essas estratégias são cruciais para a popularização da ciência. "Acredito que o interesse das pessoas em consumir informações científicas é baixo, mas tem aumentado nos últimos anos devido ao avanço da tecnologia e do acesso mais fácil”.

Contudo, ele faz um alerta. “Apesar de muitas páginas conseguirem conciliar humor com estudos científicos, existem algumas que acabam misturando fake news. Isso atrapalha a credibilidade das notícias científicas e cria dúvidas nas pessoas mais leigas”.

Diante de tantas mudanças, fica evidente a influência da internet no comportamento das pessoas atualmente. Talvez daqui a alguns anos as tendências sejam outras, a internet tenha ficado para trás e uma nova tecnologia possa ganhar espaço na vida das pessoas. Dentre tantas dúvidas, fica uma certeza: os hábitos podem até mudar, mas a sede por conhecimento sempre permanecerá o mesmo.

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