Você sabe o significa a palavra "aporofobia"? Pois bem, essa é uma reflexão muito importante e atual, principalmente nesse momento em que vários grupos de nossa população empobrecem novamente. "Aporofobia", termo criado por Adela Cortina, professora de Ética e Filosofia Política na Universidade de Valência (Espanha), deriva da língua grega e tenta identificar um medo que se manifesta na aversão a alguém que é percebido como diferente, como a homofobia, a islamofobia, a xenofobia. Em grego, a palavra á-poros significa "sem recursos", portanto, o termo aporofobia significa "rejeição ou aversão aos pobres".
Segundo a filósofa, é importante chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome. De fato, é por uma mera questão política ou pela falta de uma percepção plena, talvez por limites de linguagem, que a nossa sociedade, muitas vezes, define como "xenofobia" ou "racismo" a rejeição aos imigrantes ou aos refugiados, termo que, na maioria dos casos, é indesejado, mas também inadequado para expressar a realidade e essa percepção não se deve ao status de estrangeiros, mas sim ao fato de que são pobres.
E por que estamos falando desse tema nesse espaço? A razão principal refere-se à necessidade de reforçar a importância do dia 17 de novembro, quando vivenciamos pelo terceiro ano consecutivo, o Dia Mundial dos Pobres; data instituída pelo Papa Francisco, para que os habitantes do mundo pudessem refletir sobre esse grave mal que assola nossa sociedade.
No Brasil, segundo o IBGE, muitos brasileiros estão sobrevivendo com R$145 mensais.
A extrema pobreza no Brasil já soma 13,5 milhões de pessoas, invertendo a curva descendente da miséria dos anos anteriores. De 2014 para cá, 4,5 milhões de pessoas voltaram para a faixa de extrema pobreza.
A alta do desemprego, o encolhimento dos programas sociais e a falta de reajuste no valor do Bolsa Família aumentam o fosso dos mais pobres. O indicador de pobreza do Bolsa Família, por exemplo, é de 89 reais, abaixo do parâmetro de 145 reais utilizado pelo Banco Mundial.
Porém, é importante salientar a contradição desses dados ao compararmos apenas o caso brasileiro, já que no ano de 2018, o país ganhou 860 novos membros no grupo dos chamados "ultramilionários", cuja riqueza dos mesmos está acima dos US$ 50 milhões.
Esses dados foram divulgados no relatório do Credit Suisse que mede a riqueza no mundo, deixando o Brasil atrás apenas dos Estados Unidos. Isso mostra que a tal "crise", alimenta na verdade, a sombra da desigualdade social. "A esperança dos pobres jamais se frustrará" (Sl 9, 19). Estas palavras são de incrível atualidade. Expressam uma verdade profunda, que a fé consegue gravar sobretudo no coração dos mais pobres: a esperança perdida devido às injustiças, aos sofrimentos e à precariedade da vida será restabelecida" (Mensagem do Santo Padre Francisco para o 3º Dia Mundial dos Pobres)..