19 de dezembro de 2025
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'Televisão me salvou', afirmou o chef Erick Jacquin

Por Paula Maria Prado |
| Tempo de leitura: 3 min
erick jacquin

"O francês arrogante está quebrado", cravou um homem ao abandonar o salão do La Brasserie, em São Paulo, e seguir para outro restaurante em busca de jantar. Erick Jacquin, ciente da situação, entendeu ali que acabou. Se despediu dos últimos clientes e fechou as portas daquele que havia sido um dos mais premiados restaurantes do país. Chorou.

A pior coisa que podia acontecer num restaurante havia acontecido com ele: falta de dinheiro para comprar ingredientes. Na última fase, os alimentos eram comprados com o dinheiro que o chef tinha arrecadado no dia anterior; os vinhos, no cartão de crédito do garçom, do sommelier.

A televisão salvou Jacquin. Como jurado do "Masterchef" (Band), junto da Paolla Carosella e Henrique Fogaça, o cozinheiro ganhou visibilidade e respeitabilidade. E é com essa nova força que ele encara a segunda fase de um projeto ousado: ajudar donos de restaurante à beira da falência a recuperarem as suas casas. "Pesadelo na Cozinha" está no ar na Band, às terças-feiras, às 22h45.

"A pior coisa que pode acontecer num restaurante é isso: você estar na cozinha e não ter nada. O que vou oferecer para os meus clientes? Eu criava menu degustação, para vender porções menores a preços mais altos...", contou. "E é justamente porque eu fali um restaurante que hoje consigo ajudar outras pessoas. E esse programa foi uma oportunidade maravilhosa".

"Tem gente que pensa que restaurante é sinônimo de chefs famosos que estão sempre na revista. Mas há um universo em torno da gastronomia que é completamente diferente e, por vezes, esquecemos de falar: a luta para manter o estabelecimento aberto todos os dias", continuou.

'Pesadelo'. No primeiro episódio da nova temporada, o chef visitou o restaurante nordestino Pé de Fava, em Guarulhos (SP). Lidar com donos que se recusam a entender que são parte do problema é algo comum. "O relacionamento interpessoal no trabalho é o mais complicado.

Nem a parte financeira é tão difícil. Há muita gente com o ego inflado, que trata os outros como nada. E esse problema chega em casa. Pessoas que não se respeitam mais, não se falam mais", contou ele que afirma ter descoberto um mundo diferente com a experiência.

"Eu fiquei muito emocionado com uma das histórias que contaremos nessa temporada. É de uma mulher, dona de um restaurante de um bairro nobre de São Paulo e que vai embora todos os dias para casa, em Cotia, de ônibus porque não tem dinheiro para ter um carro. Não são 15 minutos, são horas dentro do ônibus, meia-noite, sob o risco de ser assaltada", continuou.

Bastidores

Segundo o diretor do programa Max Solla, "Pesadelo na Cozinha" é um programa de resgate. "A gente grava um episódio por semana. Monitoramos tudo. Segunda e terça-feira são os dias mais estressantes. Na quinta, criamos um cardápio e ajeitamos o restaurante. E enfim, sexta ocorre a reabertura dele", explicou.

"Eu acho esse formato sensacional. Em pouco tempo operamos uma verdadeira transformação no estabelecimento. É um programa que tem muito a contribuir com a grade da emissora", afirmou Patrício Díaz, diretor de conteúdo da Band.

Novidade

Jacquin revelou ainda que abrirá novo restaurante em São Paulo: Président. O local deve ser inaugurado ainda neste semestre. "Eu jurei que nunca mais assinaria uma carteira de trabalho, mas voltei atrás. Vou abrir o restaurante porque a lei trabalhista mudou. É uma evolução que o país precisava", opinou. "Minha esposa foi contra, mas eu falei: eu tenho dois bebês (os gêmeos Élise e Antonie, de 7 meses). Se a TV me mandar embora, o que eu vou fazer? Minha vida é cozinhar!", disse o chef.

"Então, ela falou: está bem, mas você me jurar que todo o mundo vai pagar no seu restaurante!", riu. "É que eu tenho um defeito muito generoso... Mas é verdade. Eu não posso oferecer de graça a unica coisa que eu sei fazer. Se preparem então, porque no President, não tem cortesia. Todo o mundo vai ter que pagar!", avisou.