O escritor André Kondo, de Taubaté, foi premiado com um livro de poesia que escreveu em 24 horas em um asilo que havia sido construído para receber ninguém menos do que o craque argentino Diego Armando Maradona (1960-2020).
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Essa é uma das tantas histórias que permeiam a biografia desse autor do Vale, que viveu nas ruas durante quatro meses após uma crise pessoal e familiar. Ele também peregrinou por lugares sagrados em 50 países para escrever seu primeiro livro.
Desde então, André publicou mais de 20 obras e recebeu cerca de 400 prêmios para textos e livros escritos por ele. Um dos mais importantes foi o Prêmio Jabuti 2025, na categoria Juvenil, pelo livro “O Silêncio de Kazuki” (Telucazu Edições).
“Eu escrevo muito para concursos literários, que é um grande incentivo para mim, porque tem um prazo, às vezes tem um tema, então aquilo me força como um exercício de criação. Mas a maioria dos meus livros ele realmente nasce da realidade”, contou ele ao “Que História!”, quadro de OVALE Cast, podcast de OVALE.
André conta que o livro “Cem Pequenas Poesias do Dia a Dia” nasceu quando ele morava “de favor” num asilo. Na época, ele ajudava um grupo de tailandeses no aeroporto a encontrar um hotel. “E sou contratado por esse grupo de tailandeses, vou morar com 50 tailandeses e preciso procurar um lugar”, disse ele, que na ocasião morava em Jundiaí (SP).
Um dos lugares que ele encontrou era de propriedade do tataraneto do Barão de Mauá. “Quando eu chego ali, a gente mora ali durante alguns meses. Quando os tailandeses retornam, eu continuo a morar na propriedade dele”, afirmou.
Segundo ele, o tataraneto do Barão de Mauá foi mostrando a André os locais onde ele poderia ficar. Uma parte da propriedade estava desativada. O local havia sido construído para abrigar Maradona – o craque fez diversas internações em clínicas pelo mundo para se livrar da dependência química.
“Olha que coisa louca. Era para a recuperação [de Maradona], depois ele foi para Cuba, mas o projeto inicial era para recebê-lo ali. E aquela parte estava desativada, eram várias suítes debaixo de uma estrutura de asilo mesmo, de casa de repouso, com médicos e tudo. E embaixo estava desativado, com suítes, para quem era mais independente”, contou.
Foi morando ali que André escreveu “Cem Pequenas Poesias do Dia a Dia”. O livro surgiu para concorrer a um edital na Universidade de Fortaleza, cujo prêmio era uma viagem aos Estados Unidos para o melhor livro de poesia.
“Eu vejo o prazo, era para amanhã. Então, eu tinha 24 horas para escrever esse livro. Resolvi escrever Haicais, que são três versos. Resolvi colocar mais um versinho e ficou uma quadrinha. Coloquei uma quadrinha em cada página. Poeminhas pequenos. Um em cada de 100 páginas. Era aquele jeitinho brasileiro”, disse André.
O livro foi premiado e André foi para os Estados Unidos por conta da premiação. “Além do mais, escrevi um poema dos lençóis que estavam secando no varal do asilo e mandei para a Universidade Federal de São João del-Rei. Ganhei um prêmio por um poema. Fui e troquei o dinheiro por 500 dólares. Foi com esse valor que eu viajei nos Estados Unidos, por milhares de quilômetros”, completou o escritor.
OVALE Cast contou com a participação do repórter especial Xandu Alves. O episódio está disponível nos canais de OVALE no Youtube Spotify, além das redes sociais e no site do jornal.