Morto perto do PEV (Ponto de Entrega Voluntária) da região sul de São José dos Campos, Gabriel Alves Vitor, 28 anos, tinha costela quebrada e traumatismo craniano, lesões que o teriam levado à morte, segundo informações da família. O caso foi registrado como morte suspeita.
Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp
Gabriel morreu nas proximidades do PEV da Avenida dos Evangélicos, no Campo dos Alemães, região sul de São José dos Campos, na manhã de quarta-feira (19). Ele estava morto em um colchão, enquanto um trator realizava a remoção de entulhos próximo ao PEV. Na ocasião, a equipe de resgate confirmou o óbito no local.
“Não tinha sinal de agressão [no corpo]. Provavelmente, ele pode ter sido atingido pela máquina [de limpeza]. Não deu tempo de gritar e ele deve ter balançado as pernas, começado a pedir socorro e dizer que estava morrendo. Chamaram a emergência. Ele pode ter perfurado o pulmão pela costela quebrada”, disse a irmã, a auxiliar de cozinha Aline Alves Vitor, 33 anos.
A família acredita que o caso trata-se de uma morte acidental, e não criminosa. “Foi um acidente mesmo. [O operador da máquina] não teve culpa. Gabriel estava no colchão. O homem fazia o serviço dele. Não procuramos a prefeitura e nem vamos abrir processo, porque sabemos que ele estava lá porque queria”, afirmou Aline.
Ela contou que o irmão vinha enfrentando o vício em drogas e havia saído de casa dias antes de morrer. A família tentava convencê-lo a se internar para tratar a dependência química, mas Gabriel não aceitava.
“Naquela noite estava muito frio. Ele estava na rua e não apareceu. Até orei naquele dia, fiquei com dó de quem estava na rua. Provavelmente, ele deve ter se colocado entre os dois colchões. Hora que a retroescavadeira chegou para fazer a limpeza, nessa de abaixar, ele provavelmente não viu e pode ter batido nele”, disse a irmã.
A Polícia Civil de São José dos Campos investiga o caso para esclarecer as reais circunstâncias da morte, registrada como suspeita. Apura-se se houve falha operacional, omissão ou outro tipo de responsabilidade.
“Acabou comigo aquele dia. Tentei tanto tirá-lo dessa vida. Ele estava no lugar errado, na hora errada. Quem tem dependente químico em casa sabe o quanto é difícil tirá-lo disso quando a pessoa não quer. Sofremos muito”, contou Aline.
Segundo ela, a família perdeu a mãe neste ano e isso abalou demais o irmão. Outro choque foi a separação da mulher, com quem ele morava no Rio Comprido. Gabriel foi morar com o pai, mas começou a dar trabalho, ficando noites e dias sem aparecer em casa. A relação com os irmãos ficou ruim.
“Trouxe ele para morar comigo. Sou casada e tenho filho. Gabriel sempre foi protegido pela minha mãe, e eu era grudado com ele. Ele veio e comecei a ver a situação dele, usando crack. Tentei de todas as formas. Conseguimos vaga para interná-lo numa clínica. Ele chegou a entrar no carro e depois sumiu. Tentava ajudá-lo para internar. Ele concordou em se internar novamente depois de muita conversa, mas desistiu na última hora”, relatou a irmã.
Aline contou que Gabriel era um rapaz de muitas habilidades, conseguindo trabalhar como serralheiro, pedreiro e montador de móveis.
“Ele fazia muita coisa. Serralheiro, montador de móveis era o que mais fazia, mas também pedreiro, ele fazia tudo muito bem. Tudo o que precisava em casa ele fazia. Várias habilidades. O sonho dele era ter um filho. Ele tinha um enteado. Ele vivia um dia após o outro”, disse Aline.
“Ele e minha mãe eram a minha base, e perdi os dois. Queda dele foi muito rápida. Sempre foi uma pessoa boa e esforçada. Ficou pior depois disso. Do meio ano para cá. E agora nada vai trazer o Gabriel de volta.”