O Ministério Público instaurou inquérito para investigar nomeações da enfermeira Milena Guimarães Coelho para cargos comissionados na Prefeitura de São José dos Campos.
Milena, que é apontada como pivô do divórcio entre o prefeito Anderson Farias (PSD) e a ex-primeira-dama Sheila Thomaz, ocupou sete diferentes cargos comissionados na Secretaria de Saúde entre setembro de 2017 e a última sexta-feira (17).
A apuração preliminar do MP foi iniciada no dia 9 de outubro. Depois, no último dia 20, o procedimento foi convertido em inquérito civil.
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No último domingo (19), em primeira mão, OVALE noticiou que Milena havia pedido a exoneração do cargo de diretora, após ter tido o nome exposto no divórcio entre Anderson e Sheila. Na segunda-feira (20), a exoneração foi publicada no Diário Oficial.
Em nota, Milena afirmou que a decisão foi tomada para “preservar a sua imagem” e também a “instituição” (leia aqui).
"Minha nomeação para a função de diretora atendeu a todos os requisitos legais e critérios técnicos, sendo fruto de mérito profissional e dedicação ao serviço público. Contudo, diante da exposição recente e com o intuito de preservar minha imagem e a tranquilidade da instituição e das equipes, optei por solicitar exoneração do cargo em comissão, permanecendo no meu cargo efetivo de origem neste momento", afirmou Milena.
O pedido de exoneração foi feito na última sexta-feira (17). Desde janeiro, Milena ocupava o cargo de diretora de vigilância em saúde -- o salário do cargo dos diretores é de R$ 12.618,10. Ela está na prefeitura desde 2017. Em agosto, a enfermeira havia registrado um boletim de ocorrência contra a primeira-dama, alegando perseguição e injúria, devido ao seu suposto relacionamento com Anderson.
Na terça-feira (21), por unanimidade, inclusive com os votos da base governista, a Câmara de São José aprovou requerimento apresentado pelo vereador Sérgio Camargo (PL), que solicita informações sobre os aprovados no concurso para analista em saúde, do 17º até o 154º colocado (posição de Milena), realizado em 2018.
O Paço tem prazo de 15 dias para responder o requerimento.
De acordo com o Diário Oficial, Milena ingressou na Prefeitura no cargo de chefe de unidade de atendimento especializado, em 26 de setembro de 2017. Deixou o cargo em 22 de novembro de 2018 e, no mesmo dia, foi nomeada assessora de chefia.
Em 12 de abril de 2021, foi exonerada do cargo de assessora de chefia e nomeada assessora especial. Ficou nesse cargo até 7 de novembro de 2022, quando foi nomeada chefe de apoio administrativo do DHE (Departamento Hospitalar de Emergência).
Em 1º de maio de 2023, nova troca de cargo, dessa vez para chefe em saúde do trabalhador. Dois meses e meio depois, em 18 de julho, foi nomeada chefe de serviços assistenciais. E, entre 6 de janeiro de 2025 e o último dia 17, ocupou o cargo de diretora de vigilância em saúde.
Por meio de nota, em que informou ter pedido a exoneração do cargo, Milena destacou a sua trajetória na administração, além de sua formação profissional.
"Sou servidora pública concursada da Prefeitura de São José dos Campos, formada em Enfermagem, com quatro pós-graduações na área da saúde entre elas, Auditoria em Enfermagem e experiência consolidada na gestão pública municipal.
Ao longo dos últimos anos, atuei em diferentes áreas da Secretaria de Saúde:
2017 – Enfermeira na Saúde da Criança
2018 – Coordenadora dos Núcleos em Saúde
2019 – Coordenadora do Programa de IST/Aids
2020 a 2023 – Coordenadora da Equipe de Imunização
2023 a 2024 – Ouvidora da Saúde
2025 – Diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS)
Durante minha gestão no DVS, lideramos mudanças estratégicas no enfrentamento à dengue, que resultaram em melhora expressiva nos indicadores e redução de óbitos, garantindo uso mais eficiente dos recursos públicos.
Também aprimoramos as ações de combate à sífilis e implantamos atendimento com foco em gestão da qualidade na Vigilância Sanitária, dentre outras diversas atividades. Minha nomeação para a função de diretora atendeu a todos os requisitos legais e critérios técnicos, sendo fruto de mérito profissional e dedicação ao serviço público.
Contudo, diante da exposição recente e com o intuito de preservar minha imagem e a tranquilidade da instituição e das equipes, optei por solicitar exoneração do cargo em comissão na última sexta-feira (17), permanecendo no meu cargo efetivo de origem neste momento.
Agradeço às equipes da Saúde pelo profissionalismo e apoio ao longo da minha trajetória. Seguirei no cargo efetivo, contribuindo para a continuidade dos serviços à população".
Em entrevista à Jovem Pan, nesta quarta-feira (22), Anderson negou que Milena tenha recebido qualquer privilégio na administração, destacando que ela conquistou o cargo por "seus méritos" e devido à "sua formação".
"Teve uma situação minha com essa menina, eu me relaciono com ela até hoje, converso com ela, também acho que ela não deveria ter pedido a exoneração, ela não ganhou esse cargo por ter tido qualquer tipo de relação comigo, não teve nenhum privilégio para ela, é uma servidora concursada, tem seus méritos, a sua formação", afirmou o prefeito.
O prefeito e a ex-primeira-dama permaneceram casados por 30 anos e tiveram três filhos. A separação foi anunciada no último dia 15.
Em relação à contratação da namorada do filho pela Urbam, que é alvo de uma apuração preliminar do MP, Anderson rechaçou qualquer irregularidade.
"Meu filho namora com a menina, o que tem a ver de hoje ela estar em uma função, agora publicaram a questão de um amigo, fica parecendo, querem vender uma imagem de que eu uso da máquina pública para algum benefício, longe disso, eu nunca fiz isso, trabalho na administração já há mais de 20 anos, eu como prefeito não faço isso, não levo uma caneta para a minha casa", afirmou. "Não faço nada errado e não permito que façam, quem fizer será punido", declarou.
A ex-primeira-dama anunciou, nesta quarta-feira (22), que pediu à Justiça a revogação da medida protetiva que havia sido concedida pela Justiça contra Anderson, no dia 7 de outubro (leia aqui).
A OVALE, Sheila afirmou que tomou a decisão em nome dos filhos. "Eu retirei a medida protetiva por causa dos meus filhos. Uma fala contraditória que ele [Anderson] deu hoje pela manhã na Jovem Pan, dizendo que o processo estava arquivado por falta de provas, não é verdade, senão nem eu mesma conseguiria fazer tal pedido hoje. Nenhuma mulher acorda e pensa 'hoje farei uma medida protetiva só para me divertir'. Eu tenho responsabilidade. Mas muitas mulheres passam por esse processo e sabem exatamente o que estou fazendo", afirmou.
A medida protetiva havia sido concedida pela Justiça em 7 de outubro, em decisão do juiz Ayrton Vidolin Marques Júnior, da Vara da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de São José, uma semana antes do casal anunciar o divórcio. O procedimento foi arquivado.