Um mural colaborativo de grafite, pintado por mais de 40 artistas no último domingo (5), foi totalmente apagado com tinta vermelha na manhã de segunda-feira (6), no Campo dos Alemães, na zona sul de São José dos Campos. Havia autorização do proprietário do imóvel para a elaboração do grafite.
A obra, produto do evento "Arte na Quebrada", que reuniu artistas de São José e outras cidades, como Taubaté, Jacareí, Araraquara, São Paulo e Pindamonhangaba, além de famílias da região, tinha como objetivo revitalizar um muro residencial na rua João Adão, que estava sem pintura desde 2021.
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'Rackers', um dos artistas organizadores, afirmou que é a terceira vez que o coletivo leva arte para o local, que estava "totalmente sem cor, desbotado" e não havia, até então, sido pintado pelo poder público.
A ação da prefeitura provocou indignação entre os artistas, sendo classificada como “opressora e sem visão”, um ataque à cultura da periferia e "higienização da arte". Em postagens nas redes sociais, a prefeitura é acusada de tentar "apagar história" e "calar expressão", além de falhar no diálogo e respeito ao esforço da comunidade.
Em nota, a Prefeitura de São José dos Campos informou que agiu devido a uma solicitação via 156, que foi feita por um morador "denunciando a pichação".
A intervenção foi justificada com base na Lei Municipal N° 9045, de 21 de Novembro de 2013 (Lei antipichação), alegando que "não há autorização para este tipo de serviço" conforme a lei.
O coletivo, por sua vez, reforça que o projeto era um grafite social com autorização do dono do muro, questionando o enquadramento da arte como pichação e a falta de aviso prévio.
“Nós, artistas, tínhamos autorização expressa do proprietário do muro para realizar o grafite, arte pública reconhecida e protegida por lei. Já a prefeitura pintou por cima, sem autorização do dono do imóvel”, ressalta Rackers, afirmando que grafite é uma expressão artística e não pichação.