06 de dezembro de 2025
TEATRO

Gabriela Duarte apresenta 'O Papel de Parede Amarelo e Eu' em SJC

Por Luyse Camargo | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/ Priscila Prade
Gabriela Duarte apresenta seu primeiro monólogo em São José dos Campos

A atriz Gabriela Duarte chega a São José dos Campos com o espetáculo "O Papel de Parede Amarelo e Eu". A atração, que estreou em março de 2025, marca o retorno dela aos palcos, após ‘Perfume de Mulher’, em 2019, e será apresentada no Teatro Colinas, nos dias 3, 4 e 5 de outubro, após temporadas de sucesso em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Em entrevista a OVALE, a atriz revelou um pouco sobre o processo criativo da peça e as expectativas de estar em cartaz na cidade.

O texto.

"O Papel de Parede Amarelo e Eu" é uma adaptação de "The Yellow Wallpaper", da socióloga americana Charlotte Perkins Gilman. É considerado um marco da literatura feminista, narrando em primeira pessoa a vida de uma mulher que é isolada e impedida de viver livremente pelo marido médico, sob a justificativa de curá-la da depressão. O isolamento a leva a desenvolver uma obsessão pelo papel de parede amarelo do quarto.

Gabriela afirma ter ficado muito impactada com o texto há uns dois anos, ocasião em que também escreveu sua autobiografia "Eu, Gabriela", e a adaptação acabou se tornando um misto do material do século XIX e sua própria vida.  Após conversar com algumas diretoras de teatro, ela passou a acreditar que poderia transformá-lo em uma peça, e surgiu o monólogo, o primeiro da atriz, que, aos 51 anos de idade, comemora 40 anos de carreira.

A montagem.

Com direção de Alessandra Maestrini e Denise Stoklos, a peça dura em média 55 minutos e, embora tenha base no texto publicado em 1892, surpreende o público por sua contemporaneidade. "Quando as pessoas assistem ao espetáculo, elas percebem a atualidade do tema e isso é o mais impressionante. Elas saem falando 'nossa como é atual'" relatou Gabriela a OVALE.

Já na época, o texto abordava a importância da luta feminina, relevância que a atriz percebe na atualidade. "A mulher precisa ainda conquistar lugares no sentido de segurança, no sentido de poder existir. É muito triste que a mulher ainda tenha que ter tanto medo. Existem muitos avanços que ainda precisam ser feitos, mas também existem ganhos, a mulher de hoje não é a mesma do século 19".

Apesar de abordar questões de gênero, Gabriela enfatiza que a peça não é direcionada às mulheres, mas trata de temas universais. "O texto fala de saúde mental, fala de coisas muito pertinentes ao ser humano", pontuou.

Qualidade técnica.

A estrutura do espetáculo tem sido elogiada pelo público e pela crítica por sua qualidade técnica. A produção se destaca pelo profundo apelo audiovisual, tendo inclusive, o trabalho da cenógrafa Márcia Moon indicado ao 36º Prêmio Shell por sua inovação e autenticidade. A sonoplastia de Thiago Gimenes complementa a ambientação da narrativa, mesclando sons acústicos e eletrônicos, enquanto a luz, de Cesar Pivetti, faz a ligação essencial de todos os elementos. Os figurinos de Leandro Castro arrematam a composição visual.

Já a direção apresenta uma colaboração singular, unindo o teatro essencial de Denise Stoklos, que se concentra no corpo e na performance minimalista  com a experiência dramática de Alessandra Maestrini. Essa fusão resulta em um monólogo que é ao mesmo tempo íntimo e físico, mas que carrega uma intensa carga emocional.

Convite.

Gabriela Duarte faz um convite ao público, ressaltando a importância do teatro como um espaço essencial de encontro humano na era digital. "Daqui a pouco não saberemos mais o que é inteligência artificial e o que é humano! O teatro é um lugar seguro no sentido de que quem está ali é humano. As pessoas não podem perder esse vínculo da humanidade, dos encontros", defendeu. "Eu espero que São José não perca a chance desse encontro".

Ela afirma ter satisfação em receber a plateia ao final das sessões: "Adoraria receber as pessoas, saber o que elas acharam. Quando acaba a peça eu tenho muita satisfação em receber as pessoas."

Na ocasião, os visitantes também terão oportunidade de conhecer o livro autobiográfico "Eu, Gabriela", que estará disponível para venda no saguão do teatro.

Serviço.

A peça fica em cartaz nos dias 3,4 e 5 de outubro, no Teatro Colinas na avenida São João, nº 2.000, Jardim Colinas.
Na sexta-feira (3) e sábado (4) a apresentação começa às 20h e no domingo (5), às 19h.
Os ingressos variam custam de R$ 50 a R$ 100 e a classificação etária é de 12 anos.