13 de dezembro de 2025
MOMENTO DE ORAÇÃO

Missa em São José lembra os 22 anos da morte de Padre Wagner

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução
Padre Wagner morreu aos 35 anos de idade, com cinco de sacerdócio

Os 22 anos da morte de padre Wagner Rodolfo da Silva serão lembrados em uma missa especial nesta quinta-feira (25), na Paróquia São Benedito, no bairro Alto da Ponte, região norte de São José dos Campos.

Padre Wagner morreu aos 35 anos de idade, com cinco de sacerdócio, vítima de um crime brutal em setembro de 2003.

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A missa será celebrada por dom Rogério Augusto das Neves, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e natural de São José. A celebração “em intenção da alma” de padre Wagner está marcada para as 19h30.

A data não é à toa. Ela lembra o dia em que padre Wagner foi sequestrado da casa paroquial e assassinado por um grupo de criminosos. Ele teve a cabeça cortada enquanto rezava uma Ave Maria. O corpo do sacerdote foi deixado em uma estrada rural de Santa Isabel.

"A participação na celebração é importante para manter viva a memória deste sacerdote, que muito além da função de padre foi um grande amigo, e conselheiro da comunidade", disse o engenheiro aeronáutico Leandro Silvério, 40 anos, amigo e frequentador das missas de padre Wagner.

Ele criou em 2014 um site em homenagem ao sacerdote, que já passou de 256 mil visualizações, com mais de 200 postagens e cerca de 1.600 comentários.

"Com seu jeito simples e alegre, ele deixou um legado ativo pautado na sua trajetória de vida e, ainda hoje passados mais de vinte anos de sua partida, ainda  inspira muitas pessoas a seguirem o caminho da fé e caridade", afirmou Leandro.

Legado.

Vinte e dois anos depois do crime, padre Wagner é lembrado com amor pelos fiéis. O túmulo dele no Cemitério Padre Rodolfo Komorek, no centro de São José, tornou-se um ponto de romaria, com dezenas de placas agradecendo graças e até milagres alcançados por intercessão do sacerdote.

“Ele era muito simples e, por isso, atraía as pessoas menos favorecidas. As missas dele eram num linguajar para o povão entender”, lembrou Jacinta Miranda, presidente da Obra Social Padre Wagner, na zona norte de São José, que atende mais de 2.000 pessoas por ano.

O bairro de Alto da Ponte era a ‘casa’ de padre Wagner, que viveu ali, na Paróquia de São Benedito, a maior parte do ministério sacerdotal. Deixando um rastro de saudade e admiração, o sacerdote é considerado um ‘santo popular’ e muito querido pela população da cidade.

“Se Deus quiser, ele será reconhecido como santo. Tinha uma santidade. Não tenho dúvida nenhuma de que a passagem dele foi para marcar a vida de muita gente, mudar a vida das pessoas. Em cinco anos de sacerdote ele arrebanhou muita gente”, disse Lucila Sonoda, irmã do sacerdote.

O crime.

Ligado à tragédia que culminou no assassinato de padre Wagner, morto violentamente em setembro de 2003, Manoel Serafim de Lima deixou a Igreja Católica e pregava nos últimos anos pelas redes sociais, vivendo no Rio de Janeiro.

Lima não exerce mais o ministério sacerdotal, segundo informou a Diocese de São José dos Campos, mas mantinha a pregação por meio de textos publicados em seu perfil no Facebook.

Em setembro de 2003, Lima morava em São José dos Campos quando padre Wagner foi morto. Eles dividiam a casa paroquial da Igreja de São Benedito, no Alto da Ponte, região norte da cidade.

De acordo com a investigação policial, Lima mantinha encontros secretos com jovens na periferia de Jacareí.

Dias antes do crime, o ex-padre e um rapaz marcaram um encontro e caíram numa emboscada feita por outros jovens, que Lima também conhecia. Esse grupo obrigou Lima a retornar à casa paroquial, em São José.

Então, o grupo sequestrou os dois padres, Lima e Wagner, e levou objetos de valor da igreja. Os jovens tentaram ainda tirar dinheiro em caixas eletrônicos usando cartões dos sacerdotes.

Sem conseguir mais dinheiro, o grupo esfaqueou os dois sacerdotes. Padre Wagner foi degolado enquanto rezava uma Ave Maria. O corpo dele foi encontrado na área rural de Santa Isabel.

Ao lado do corpo de Wagner estava Lima, que precisou ser operado e sobreviveu às facadas. Ele foi suspenso pela Diocese de São José dos Campos das atividades como sacerdote e se mudou de São José. Em 2010, como revelou OVALE, Lima morava no interior de Goiás e lecionava em escolas particulares.

Os criminosos envolvidos na morte de padre Wagner foram condenados a penas que variam de 27 a quase 36 anos de prisão.