06 de dezembro de 2025
CRIME ORGANIZADO

Corte suprema do PCC levanta dados para matar inimigos da facção

Por Guilhermo Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 2 min
Editor-chefe de OVALE
Freepik/Imagem ilustrativa

A "Suprema Corte" do crime organizado.

Abaixo apenas da cúpula, a "Sintonia dos 14" reúne o alto escalão do PCC (Primeiro Comando da Capital) e está ligada diretamente à "Sintonia Final". Entre as atribuições desta "tropa de elite" está levantar dados sobre "agentes públicos e ex-integrantes que serão executados" pela facção criminosa.

A "Sintonia dos 14", cuja existência foi revelada por OVALE em 2018, é apontada pela polícia como responsável pela "sentença de morte" de Ruy Ferraz Fontes, de 63 anos, ex-delegado-geral de São Paulo, executado a tiros em uma emboscada na Praia Grande (SP), na noite da última segunda-feira (15).

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Ele era reconhecido por sua atuação no combate ao crime organizado e pela prisão de lideranças do PCC, incluindo Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção, criada em Taubaté, em 31 de agosto de 1993, no Piranhão, pavilhão anexo à Casa de Custódia.

A "Sintonia dos 14" é a "tropa de elite" da organização criminosa, que movimenta dezenas de bilhões de reais com o tráfico de drogas e outros delitos. O grupo restrito de criminosos da 'Sintonia' reporta-se diretamente à "Sintonia Final". É a elite do PCC.

Os "irmãos" convocados para a "tropa de elite do crime" possuem regalias, recebendo, por exemplo, uma remuneração fixa, moradia e veículo, além de ser poupado de determinadas obrigações inerentes aos membros do "Partido", como o pagamento da mensalidade, o chamado "caixote" ou "cebola", ou as rifas e o "progresso".

"Essa Sintonia é composta por grupelho de elite da organização criminosa, formado por pouquíssimos integrantes com elevado poder decisório dentro da hierarquia marginal, ligado diretamente à cúpula da facção", diz investigação do MP.

Anteriormente, a 'tropa de elite' era chamada de 'Quadro dos 36', porém teve o seu tamanho reduzido para 14 durante reestruturação da hierarquia do PCC.

Além de reunir dados sobre o exército da facção, a "Sintonia" é responsável por tomar decisões junto à cúpula, definir ações de caráter disciplinar em relação aos "irmãos", cuidar das finanças, com contas bancárias de terceiros para lavar o dinheiro do crime. O grupo se assemelha, segundo o MP, com a 'inteligência do PCC'.

Com a reestruturação interna, a organização dividiu em duas partes as atuações da 'Sintonia dos 14'. Uma delas, por exemplo, é responsável por investigar agentes públicos que estão na lista fatal dos bandidos.

"A 'Sintonia dos 14' foi reorganizada, com a criação de uma célula para tratar de assuntos restritos, no caso a 'Sintonia Restrita' responsável pelos assuntos extremamente sigilosos e de relevância para a cúpula, tal qual o levantamento de informações de agentes públicos e ex-integrantes que serão executados pelo partido", diz outro trecho de relatório do MP.