A centro-direita brasileira começa a dar sinais mais claros de que enxerga no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um nome viável para disputar a Presidência em 2026. O movimento, esperado nos bastidores, ganhou contornos públicos nesta segunda-feira (25), quando o presidente nacional do partido, Marcos Pereira, deixou escapar, em Brasília, durante os 20 anos da sigla, que a legenda pode ter candidato próprio ao Planalto — olhando diretamente para Tarcísio.
A sinalização ocorre no momento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), padrinho político de Tarcísio, enfrenta um cenário de inelegibilidade, prisão domiciliar e julgamento iminente por tentativa de golpe de Estado. Ainda que o governador paulista negue estar em campanha, suas falas assumem tom cada vez mais nacional, com propostas como redução do número de ministérios e retomada de um projeto de desenvolvimento acelerado, inspirado e citando Juscelino Kubitschek.
O dilema da direita é claro: Tarcísio só terá espaço se Bolsonaro der aval explícito, seja por convicção de que não há mais volta, seja por pragmatismo eleitoral. Até lá, o governador evita confronto direto com seu padrinho, consciente de que qualquer sinal de rompimento pode custar caro entre os fiéis seguidores do bolsonarismo.
Por outro lado, a própria narrativa que tenta crescer nas redes dá sinais de esgotamento. Um setor expressivo da direita entende que insistir em Bolsonaro pode significar mais uma derrota em 2026 contra Lula, que deve buscar um quarto mandato. Assim, Tarcísio é visto como um nome capaz de unir alas conservadoras, setor empresarial e grupos moderados.
No fim, o que se vê é um ensaio público de transição. A centro-direita testa Tarcísio como alternativa, mas depende do gesto de Bolsonaro. Se o aval vier, o governador paulista pode ser lançado como o rosto de uma nova direita. Se não, seguirá preso ao dilema de quem precisa crescer sem parecer desleal.
Flávio Paradella
A segunda-feira (25) ficou marcada pela pauta animal. Em Campinas, os vereadores aprovaram em primeira discussão o projeto que proíbe a fabricação, venda e uso de coleiras de choque, iniciativa do vereador Hebert Ganem (Podemos). A medida também abrange outros dispositivos de adestramento considerados abusivos, como os que provocam queimaduras ou sons incômodos. A proposta prevê multas pesadas, que podem chegar à cassação do alvará de empresas envolvidas, e busca coibir práticas vistas como maus-tratos aos animais.
No mesmo dia, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sancionou a Lei Estadual nº 18.184, que proíbe o acorrentamento permanente de cães e gatos em todo o Estado de São Paulo. O texto, de autoria do deputado Rafael Saraiva (União), determina que prender pets por correntes ou cordas passa a ser considerado restrição de liberdade e alojamento inadequado. Só será permitido em caráter temporário, no modelo “vai e vem”, com condições mínimas de dignidade: espaço adequado, abrigo, água limpa, comida e proteção contra riscos de agressão e doenças.
O detalhe é que Campinas já havia avançado nessa pauta desde 2023, quando a vereadora Débora Palermo (PL) conseguiu aprovar lei que veda o uso permanente de correntes para animais. A regra municipal já impõe multas de até 2.000 Ufics para pessoas físicas e até 4.000 para estabelecimentos, com valores revertidos ao Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA).
Ou seja, a cidade saiu na frente na proteção contra o aprisionamento contínuo, e agora vê a legislação estadual harmonizar-se com a prática local. A diferença é que o texto estadual ganha amplitude e estabelece um padrão mínimo em todo o território paulista, o que tende a facilitar a fiscalização e reforçar o debate sobre o bem-estar animal.
De um lado, Campinas fortalece seu arcabouço legal ao proibir equipamentos de choque. De outro, o Estado amplia as regras contra o aprisionamento. O resultado é que a agenda de proteção animal ganhou protagonismo no início da semana.