A morte de Sidnei de Andrade Sobreira, 47 anos, conhecido como Perninha, causou comoção e revolta no bairro Alto da Ponte, em São José dos Campos. Vendedor de frutas e verduras, ele foi atropelado na noite de segunda-feira (11) enquanto empurrava seu carrinho pela avenida Pico das Agulhas Negras. O motorista, identificado como Cassiano Aparecido Machado, de 48 anos, amigo de infância e conhecido da família, fugiu sem prestar socorro.
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Câmeras de segurança mostram o momento em que Sidnei é atingido. O impacto violento o arremessa para dentro de um bar, destruindo seu carrinho e espalhando mercadorias pela rua. Testemunhas afirmam que o carro passava a cerca de 80 km/h, em um trecho cujo limite é de 30 km/h, e que o motorista não chegou a reduzir a velocidade.
O irmão da vítima se revolta ao lembrar da relação de proximidade entre os dois. “Conhece ele desde criança. Sexta-feira passada esteve em casa conversando. Quando ele vê aquela carrocinha, sabe que era meu irmão. Lógico que sabe”.
Outro familiar reforça que Cassiano não tinha habilitação. “Se ele foi lá, não tem carteira, e está dirigindo? E matando, né?”.
Impunidade.
Após o atropelamento, Cassiano prestou depoimento e foi liberado, já que não houve flagrante. Poucas horas depois, foi flagrado dirigindo o mesmo carro, passando inclusive em frente à casa da vítima. “Prestou depoimento, foi liberado, e duas, três horas depois está na rua dirigindo de novo. O mesmo carro, o mesmo motorista que matou meu irmão. É um deboche muito grande”, desabafou o irmão.
A justificativa dada pelo motorista também gerou indignação. Segundo um amigo da família que ajudou a obter as imagens, Cassiano disse acreditar que havia batido apenas no carrinho do vendedor e não percebido que havia atropelado uma pessoa. “Falou que não viu que tinha atropelado uma pessoa, que achou que só tinha batido no carrinho. Alegou que ficou com medo de linchamento, mas no local só estava eu, meu filho e o dono do carrinho. Não faz sentido”.
Perninha.
Sidnei era conhecido por sua simpatia e dedicação à mãe, de 88 anos, que dependia de sua renda. Saía cedo de casa e passava o dia pelas ruas vendendo frutas e verduras para garantir o sustento. “Ele era muito prestativo, ajudava todo mundo. Cuidava da mãe e trabalhava duro todos os dias”, contou um amigo.
O corpo de Sidnei foi sepultado na manhã desta quarta-feira (13) no Cemitério Municipal Colônia Paraíso, sob aplausos e lágrimas. Familiares e amigos cobram punição exemplar. “Uma pessoa que não tem licença para dirigir atropela e mata, e no mesmo dia é liberada para voltar ao volante. Além do nosso Brasil não valer nada, é um desrespeito com a vida”.