O vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), disse que a meta do governo federal não é retaliar com aumento de tarifas para os Estados Unidos, mas resolver o impasse causado pelo tarifaço do presidente americano Donald Trump.
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“A prioridade não é retaliar. A prioridade é resolver, procurar ampliar o número de setores que sejam excluídos [do tarifaço], que fiquem fora dessa questão da tarifa que entendemos extremamente injusta. Aliás, com base jurídica totalmente fraca”, afirmou Alckmin em passagem pelo Vale do Paraíba, na manhã deste sábado (9).
Ele visitou uma concessionária da Volkswagen em Guaratinguetá, cujo proprietário é o ex-prefeito da cidade, Marcus Soliva. Alckmin veio falar sobre o programa do governo federal que zerou o IPI para carros sustentáveis, o chamado IPI Verde. Ele também fez um balanço das negociações com o governo americano.
Sobre taxar de volta os americanos, Alckmin disse que o governo federal entende que é errado o aumento de tarifa.
“Quando se aumenta a tarifa, quem paga é o consumidor. Não é o governo que paga, é o consumidor que acaba pagando. Então, entendemos que é um perde-perde. Nós devemos ir para um ganha-ganha. Ou seja, aumentar o fluxo de comércio, aumentar a exportação, complementaridade econômica”, afirmou.
O vice-presidente deu como exemplo a cadeia do aço, que foi taxada em 50% por Trump. “Nós somos o terceiro comprador do carvão siderúrgico americano. Fazemos o aço semiplano e exportamos para os Estados Unidos fazer avião, máquina, equipamento. Então é uma cadeia produtiva integrada. Eu não posso fazer política regulatória baseada em questões de natureza política partidária”.
Questionado por OVALE sobre a inclusão da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no anúncio do tarifaço feito por Trump, Alckmin preferiu não polemizar. Ele disse que o Judiciário é um poder independente. "É outro poder o Judiciário. É bom que seja assim, é outro poder. Ministério Público é outra instituição, e a gente tem que respeitar as instituições".
Alckmin confirmou que o presidente Lula (PL) vai anunciar no início da semana um plano de contingência para atender os setores sobretaxados pelo tarifaço de Trump.
“O presidente Lula deve anunciar no início da semana um pacote, um conjunto de medidas mitigatórias, ou seja, para apoiar as empresas. Quais empresas? Aquelas que exportam mais e que exportam mais para os Estados Unidos e que foram afetadas", explicou.
"Você tem setor da indústria ou do agro que mais de 90% é mercado interno. Exportação afeta menos. Agora, você tem empresas que exportam muito. E que além de exportar muito, ainda exporta para os Estados Unidos. Elas precisam ser mais socorridas”, disse Alckmin.
Segundo ele, após as negociações com os EUA, 45% dos setores ficaram de fora do tarifaço de 50%, outros 19% estão no mesmo patamar do restante do mundo e 36% foram incluídos, parcela que preocupa o Brasil.
“Agora, realmente para 36% afeta, porque ficou 10% mais 40%, e aí nós estamos trabalhando de maneira empenhada, porque dos produtos que os Estados Unidos vendem para nós, de cada 10 produtos, oito não pagam imposto, é 0% para entrar no Brasil. E a tarifa média é 2,7%. Não tem o menor cabimento", afirmou o vice-presidente.
"Você tem uma tarifa para entrar no Brasil de 2,7% e 50% nos Estados Unidos. E eles têm déficit com muitos países do mundo, mas têm superávit com três países grandes: Reino Unido, Austrália e Brasil. Então nós estamos empenhados em mudar isso”, completou Alckmin.