06 de dezembro de 2025
AVIAÇÃO DE DEFESA

Embraer investe na Índia de olho em contrato recorde de R$ 65 bi

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
KC-390 Millennium da Embraer

A fabricante brasileira de aeronaves Embraer está investindo para estabelecer operações na Índia de olho no que pode ser um dos maiores negócios da sua história: a venda de até 80 cargueiros militares KC-390 Millennium para a Força Aérea indiana.

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O valor estimado de cada avião desse modelo é de US$ 150 milhões – cerca de R$ 820 milhões pela taxa de câmbio de hoje. Com isso, o contrato na Índia pode chegar a R$ 65 bilhões.

A Embraer está inaugurando um escritório de representação em Nova Delhi, capital da Índia. Anunciado em maio, o espaço deve começar em breve a receber fornecedores, clientes e interessados em comprar suas aeronaves. A fabricante de aviões abriu neste ano uma filial no país.

Ao aumentar sua presença na Índia, a Embraer quer aproveitar as capacidades locais e se aproximar de potenciais parceiros no país. Além de engenheiros indianos com conhecimento em software para auxiliar a empresa brasileira no desenvolvimento dos sistemas de suas aeronaves, estão no foco da Embraer fabricantes locais de peças e componentes aeronáuticos.

Essas companhias podem se tornar fornecedoras da Embraer caso a fabricante brasileira de aeronaves vença uma licitação do governo indiano para vender entre 40 e 80 cargueiros KC-390 para a Força Aérea do país. Ainda não há prazo para sair o resultado do certame, o que pode levar alguns anos ainda.

Se a Embraer ganhar, precisa abrir uma fábrica na Índia para montar os aviões e atender ao requisito de ter ao menos 50% de conteúdo local, o que requer o envolvimento de empresas indianas, segundo Marcio Monteiro, vice-presidente de marketing da unidade de defesa e segurança da Embraer.

O executivo participou de um fórum de negócios realizado pelo grupo empresarial Lide, do ex-governador paulista João Doria, em Mumbai, segunda maior cidade da Índia.

Segundo Monteiro, a Embraer já estabeleceu parceria com o grupo Mahindra para viabilizar a nacionalização da produção. “Vamos, basicamente, ter uma fábrica de aviões da Embraer na Índia, fazendo esses aviões”, explicou, acrescentando que o país pode vir a se tornar um hub regional, atendendo também mercados vizinhos na Ásia.

“Os processos, particularmente em defesa, levam um bom tempo. São compras governamentais, de valores elevados, de materiais estratégicos para a soberania nacional. Estamos nos adiantando e buscando construir essas relações de maneira que tudo esteja estabelecido no momento em que a gente conseguir vencer essa licitação. Assim esperamos e para isso temos que trabalhar. De nossa parte, buscamos estar prontos, presentes, e responder rápido às questões que surgirem”, disse Monteiro.

Além da defesa, Monteiro apontou oportunidades na aviação comercial, especialmente com os jatos da linha E2, que atendem até 150 passageiros. Embora ainda não haja encomendas na Índia, ele acredita que o mercado tem grande potencial. “O papel é o limite em aviação comercial para desenvolvermos mais negócios com a Índia”, afirmou.

Ao finalizar sua fala, Monteiro celebrou a abertura da subsidiária Embraer Índia e a inauguração do escritório em Delhi. “É uma instalação estado da arte onde se concentram as empresas do setor aeroespacial”, disse.

O gesto reforça a aposta da Embraer em se consolidar como player relevante em um dos mercados mais promissores do mundo, não apenas como fornecedora, mas como parceira tecnológica de longo prazo.

* Com informações do jornal Folha de S.Paulo