06 de dezembro de 2025
PUNHAL VERDE AMARELO

General do Vale admite autoria de plano para matar Lula e Moraes

Por Guilhermo Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Editor-chefe de OVALE
Reprodução
General Mário Fernandes ao lado de Bolsonaro

O general da reserva Mário Fernandes, que comandou unidade militar no Vale do Paraíba ao longo de sua carreira no Exército, confirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (24) que foi o autor do plano Punhal Verde Amarelo, plano que, de acordo com a Polícia Federal, incluía o assassinato do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e de Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

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Réu no processo da trama golpista, o general admitiu a autoria do plano, mas afirmou que era "só um pensamento meu".

Durante o governo Bolsonaro, o general ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República e foi responsável, segundo as investigações, pela elaboração do arquivo de word intitulado "Punhal Verde e Amarelo", com planejamento "voltado ao sequestro ou homicídio" de Lula, Alckmin e Moraes.

No depoimento, o general alegou que o arquivo era pessoal, mas confirmou que determinou a impressão do documento em uma impressora do Palácio do Planalto. Contudo, segundo o militar, o documento era destinado ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que era comandado pelo general Augusto Heleno, que também é réu. Ele negou que o arquivo seria apresentado em uma reunião com Bolsonaro.

"A determinação foi minha ao meu chefe de gabinete, o Reginaldo Vieira de Abreu, que emitisse seis cópias. Essas seis cópias foram emitidas. O objetivo delas era apresentar ao GSI, que, doutrinariamente, era responsável pela montagem do gabinete de crise. Não quer dizer a crise que a PGR pensa que é. Poderia ser qualquer outra crise. Era um assessoramento em apoio, no caso, ao general Heleno, que é um grande amigo, um grande mentor. Não tinha nada a ver com apresentação ao Bolsonaro", completou o militar, que está preso desde novembro do ano passado e foi interrogado por videoconferência.

Região.

No Vale, o general Mário Fernandes comandou a 12ª Brigada de Infantaria Leve Aeromóvel, sediada em Caçapava, uma das principais unidades militares do Exército Brasileiro na região Sudeste.

Ele permaneceu por aproximadamente dois anos no posto, tendo sido homenageado pela Câmara com o título de cidadão caçapavense, em 18 de julho de 2018 – ano em que deixou a brigada.

Segundo as investigações da Polícia Federal, Fernandes teria imprimido o planejamento para matar o presidente Lula e Moraes em de 9 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto. Cerca de 40 minutos depois, ele teria ido até o Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência então ocupada por Bolsonaro.

De acordo com o relatório da PF, o planejamento operacional chamado de “Punhal Verde e Amarelo” previa o uso de metralhadoras e explosivos e o envenenamento de Lula e de Moraes. A meta era impedir a posse da chapa Lula-Alckmin, eleita em outubro daquele ano.

Fernandes faz parte do núcleo 2 da trama golpista, formado por seis réus que foram acusados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) de gerenciar ações estratégicas para o sucesso do golpe, com a redação de uma minuta de decreto golpista e a utilização ilegítima da estrutura da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Também estão nesse núcleo Filipe Martins, ex-assessor de assuntos internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro, e Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal.