A trama macabra que culminou com a morte da vendedora Camile Santos, 19 anos, em São José dos Campos, fez três vítimas fatais antes dela, todas motivadas por uma briga entre grupos rivais a partir de um desentendimento amoroso.
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Nessa quinta-feira (17), dois dos envolvidos com a morte de Camile foram condenados por um júri popular em São José. Ítalo Henrique Martins Luiz foi sentenciado a 35 anos, seis meses e 18 dias de prisão em regime fechado. Caíque Ferreira dos Santos recebeu pena de 29 anos, seis meses e 18 dias, também em regime fechado.
Camile estava dentro de um carro que foi emparelhado por outro, no semáforo, e baleado com diversos tiros na saída de uma adega em no Residencial União, zona sul de São José, em novembro de 2023.
Sem ser o alvo da emboscada, Camile foi atingida na nuca, não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. Uma jovem de 20 anos também foi atingida, mas sobreviveu, assim como o motorista do carro, Pedro Diório da Silva, 19 anos, o verdadeiro alvo da emboscada.
Camile e a outra jovem haviam conhecido Pedro naquela noite, em uma casa noturna na região central de São José. Eles resolveram ir para a adega na região sul, onde o carro foi emboscado. Pedro levou um tiro no pescoço e também foi internado, mas fugiu da unidade de saúde.
De acordo com a investigação da Delegacia de Homicídios de São José dos Campos, a tentativa de homicídio contra Pedro, que causou a morte de Camile, deu-se por vingança de um grupo rival após desentendimentos envolvendo uma mulher na zona norte de São José.
Meses antes do crime, Pedro engatou um relacionamento amoroso com uma jovem da região norte de São José, que morava nos chamados ‘Predinhos do Jaguari’. Ele passou a frequentar o local.
Depois de um tempo, um homem conhecido como “Piu” disse a Pedro que era o namorado da moça. Ele fez várias ameaças e proibiu Pedro de retornar ao condomínio. Temendo pela vida do então namorado, a jovem terminou o relacionamento com Pedro.
Flávio Diório da Silva, irmão de Pedro, não aceitou a situação e decidiu ir com o irmão até o condomínio conversar com Piu, tentando apaziguar a discórdia. Eles foram baleados no local e fugiram.
Após a escaramuça, bandidos da área ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) organizaram um “sumário” para discutir a questão entre Piu e Flávio. Nesse “julgamento”, ficou decidido que os irmãos estavam proibidos de frequentar aquela região. Mas a “diplomacia” do crime não funcionou.
Na noite de 25 de março de 2023, Flávio se deparou com o carro do desafeto Piu estacionado próximo de uma casa noturna no Jardim Aquarius, na zona oeste de São José. Ele resolveu colocar fogo no veículo.
Identificado no boletim de ocorrência como Lucas Felipe dos Santos Cunha, Piu alegou que não conhecia Flávio. Mesmo assim, resolveu se vingar do incêndio. Ele reuniu alguns comparsas e começou a ameaçar os irmãos Flávio e Pedro, violência que se concretizou na noite de 21 de abril de 2023. Por volta de 22h40, Flávio foi vítima de diversos disparos de arma de fogo, não sobrevivendo aos ferimentos.
Outras duas pessoas também foram assassinadas: o próprio Piu e Eder Cesar de Oliveira Coutinho, 37 anos, conhecido como “Oreia”, que tinha passagem criminal por roubo e era investigado pelo homicídio de Flávio.
Piu foi morto numa emboscada também envolvendo um carro, na noite de 18 de agosto de 2023. O veículo usado no crime havia sido furtado horas antes do pátio de uma locadora dentro de um shopping, na zona sul de São José. A polícia obteve imagens do furto em câmeras de segurança.
Esse carro foi localizado queimado numa estada vicinal entre as cidades de Caxambu e Baependi, em Minas Gerais, após investigadores de São José realizarem diligências em Caxambu, cidade natal de Pedro.
Ele foi preso nove dias após o assassinato de Camile crime na cidade de São Lourenço (MG), em ação conjunta entre as polícias Civil e Militar. A prisão dele começou a jogar luz sobre a urdidura que levou à morte da jovem de São José.
A próxima vítima foi Eder, morto no final de novembro de 2023, de maneira semelhante ao assassinato de Piu. Também foi usado um carro furtado no pátio do mesmo shopping na zona sul de São José.
Vídeo obtido pela Delegacia de Homicídios mostra os autores depois de abandonarem o veículo. Um deles tem as mesmas características físicas e a forma de andar do investigado Pedro, que foi identificado em outras imagens do furto do carro.
Os investigadores disseram que a “guerra entre grupos rivais” ganhou mais um capítulo quando Pedro foi vítima da tentativa de homicídio, em 21 de novembro de 2023, cujos autores foram identificados pela Polícia Civil.
Em 7 de março do ano passado, a polícia prendeu Ítalo Henrique Martins Luiz, 22 anos, também envolvido na morte de Camile. Ele tinha uma prisão preventiva decretada pela Justiça no inquérito que apurava a morte de Flávio.
O segundo matador foi preso no bairro Vila Unidos, na região norte de São José, em 4 de abril de 2024. Kauã Messias de Souza, 18 anos, também tinha um decreto de prisão preventiva contra si, determinado pela Justiça. Caíque Ferreira dos Santos, 22 anos, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e foi preso após estar foragido.