16 de dezembro de 2025
TARIFAÇO

Após tarifa dos EUA, Boulos critica Tarcísio: ‘Governador reborn'

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Câmara dos Deputados
Deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP)

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) fez duras críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pela postura do mandatário paulista no caso da tarifa de 50% imposta pelo presidente americano, Donald Trump, aos produtos brasileiros.

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Após o anúncio do republicano, Tarcísio culpou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela sobretaxa às empresas brasileiras. São Paulo é um dos estados mais afetados pela medida, que pode vigorar a partir de 1º de agosto.

Em seguida, o governador de São Paulo mudou o tom e disse que a tarifa de Trump é "complicada" para o Brasil e defendeu união de esforços para resolver o impasse.

Para Boulos, o apoio de Tarcísio a Trump – o governador chegou a publicar em suas redes sociais uma foto com o boné do republicano – é uma forma de “traição” aos interesses de São Paulo.

“É vergonhosa [a atitude do governador] para o estado de São Paulo, que é o estado mais industrializado do país. É o que mais exporta para os Estados Unidos. É o que vai ser mais prejudicado com as tarifas, com o risco de perder emprego. Aí o Tarcísio, que é governador de São Paulo, que foi eleito para defender o estado, os trabalhadores, os empregos daqui, está com o bonezinho do Donald Trump”, disse Boulos a OVALE.

Denúncia.

O deputado federal, que cumpre agenda política em São José dos Campos nesta segunda-feira (14), protocolou uma representação junto à PGR (Procuradoria-Geral da República) para que Tarcísio seja investigado por uma suposta tentativa de facilitar a fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A iniciativa ocorre após publicações mostrarem que Tarcísio teria acionado ministros do STF para pedir a liberação do passaporte de Bolsonaro, que está com o documento retido desde fevereiro de 2024, após operação da PF (Polícia Federal). Bolsonaro é réu em ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado em 2022.

“Tarcísio ainda vai lá querer pedir pro Supremo para o Bolsonaro ir lá [nos EUA]. Toma vergonha na cara. Você pediu exatamente essa investigação. Além da questão criminal, que foi o que eu pedi para a Procuradoria-Geral da República investigar, é a questão moral. Se Tarcísio tivesse vergonha na cara, ano que vem ele devia ir pedir voto lá em Miami. Não aqui”, afirmou Boulos.

“Parece que ele está defendendo o povo dos Estados Unidos e não o povo de São Paulo. É lamentável. Eu espero que sirva para quem ainda acreditava na máscara, que ele gosta de usar, que perceba, de fato, o que ele está fazendo.”

'Desconectado'.

Segundo a denúncia, Tarcísio teria sugerido que Bolsonaro viajasse aos Estados Unidos para negociar diretamente com o presidente Donald Trump uma possível reversão do tarifaço de 50% imposto a produtos brasileiros.

A proposta foi rejeitada e considerada “totalmente fora de propósito” por ministros do STF. Boulos pede a abertura de inquérito penal com base no artigo 348 do Código Penal, que trata do crime de favorecimento pessoal, ou seja, a tentativa de auxiliar alguém a se subtrair de ação da Justiça.

Para o deputado, o governador paulista pode ter cometido também outros delitos, como corrupção passiva, tráfico de influência e improbidade administrativa.

Boulos ainda disse que as críticas que Tarcísio fez a Lula, culpando o brasileiro pela tarifa imposta por Trump, é algo “desconectado da realidade”.

“Ele tem que entender que foi eleito governador do principal estado do país. Ele não pode se comportar só como um puxa-saco do Bolsonaro. Um governador reborn que fica repetindo o que o Bolsonaro quer ouvir. Ele tem que governar o estado de São Paulo”, disse Boulos.

Que completou: “Ele se colocou como um puxa-saco do Bolsonaro, isso fica claro para as pessoas. Quero ver o que ele vai dizer para os trabalhadores aqui da Embraer, que correm risco de perder emprego se as encomendas de aeronaves para os Estados Unidos forem de fato suspensas”.