Um aposentado de 79 anos foi abastecer seu carro, um Gol 2003, em um posto de combustíveis em Santana, na região norte de São José dos Campos, e saiu do local após pagar uma conta de R$ 3.332 por vários serviços que teriam sido feitos no veículo.
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O caso aconteceu na manhã de quarta-feira (20) no Posto Anchieta (Rede Nova), que fica na Praça Anchieta, na zona norte de São José dos Campos. A família alega que o idoso foi vítima de estelionato e registrou um boletim de ocorrência, além de planejar ingressar com ações na justiça.
O posto nega e disse que todo o serviço feito no carro teria sido autorizado pelo aposentado. A família disse que o idoso perdeu a esposa recentemente e estaria em um momento de abalo emocional.
Gabriela Honório, advogada da família, disse que o idoso foi alvo de estelionato por parte do posto. Ela disse que vai ingressar com uma ação cível para pedir o ressarcimento do valor pago e mais os danos morais, além de uma ação penal. “Ele se sente humilhado por tudo o que está passando”, disse a defensora.
Segundo ela, o aposentado precisou dividir o pagamento da conta em cartões de débito e crédito para conseguir saldar todo o serviço que teria sido feito no carro -- serviços que a família contesta.
“Meu avô tem quase 80 anos, é um homem muito simples e de bom coração, se aproveitaram disso e simularam uma venda de vários produtos com quantidades absurdas”, diz postagem feita nas redes sociais por um neto do aposentado.
A advogada explicou que tentou resolver o caso de forma administrativa, para reaver o valor pago. "Enviei a nota para a gerente [do posto] e falei que os valores não são compatíveis. Eles alegam que foi feita descarbonização do tanque e que o aposentado assinou autorizando. Ele diz que disseram a ele que o carro estava com problema, muito sujo e iria parar a qualquer momento. Ele perdeu a esposa há um mês, está abalado e vulnerável”, disse.
“Começaram a fazer as coisas [no carro] e no final deram esse valor altíssimo. Ele assinou e pagou de duas formas, passou débito e crédito, e saiu atordoado do posto”, completou Gabriela.
No cupom fiscal do serviço, ao qual OVALE teve acesso, consta o uso de produtos como 48 unidades de óleo ATF 100 ml, que somaram R$ 1.199,52 – R$ 24,99 cada uma. Mais 11 unidades de 200 ml de fluído de freio, 10 de aditivo de radiador rosa de 500 ml, outras 12 unidades de aditivo flex (200 ml) e de gasolina (200 ml) e 7 litros de água de bateria desmineralizada.
No total, o cupom fiscal lista 14 itens que teriam sido usados no carro do aposentado. No final, a conta ficou em R$ 3.332.
“Um mecânico foi consultado e disse que está completamente equivocada. A gerente do posto falou que ele assinou e que estava ciente, e que não vai devolver o valor. Queríamos reaver de forma administrativa e foi negado, então teremos que entrar com ação cível e penal contra quem fez isso”, explicou Gabriela.
A reportagem conversou com um representante do Posto Anchieta, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, o serviço foi autorizado pelo aposentado antes que fosse feito pela equipe. “Ele assinou para fazer o serviço. Tudo foi explicado para ele antes e ele acompanhou”, disse.
“Todo o trabalho realizado pela equipe é feito um orçamento antes, passado para o cliente, feito ordem de serviço e o cliente assina. Com a concordância dele, a gente executa o trabalho. Todos os valores foram passados e as explicações dadas para ele, de que seria feita limpeza no sistema de radiador, limpeza do fluído de direção, troca do óleo do motor, tudo isso foi passado para ele”, afirmou o representante.
Ainda segundo ele, o trabalho foi feito por equipe de especialistas na parte de lubrificação e revisão dos carros, que roda os postos semanalmente. Questionado sobre as quantidades dos produtos cobrados, o representante confirmou que o serviço foi feito em razão da demanda por limpeza que o veículo apresentava.
Em nota, a Rede Triunfo informou que vendeu a unidade da Praça Anchieta (Posto Anchieta) em 18 de dezembro de 2024 para a Rede Nova. "Esclarecemos também que o cupom [fiscal] está em nosso nome ainda pois dependemos dos órgãos estaduais para transferência. E nossas unidades não praticam esse tipo de serviço", disse a gerente Islayne Pereira Ruivo.